UMA DESPEDIDA!
Esta deve ser, creio eu, uma carta derradeira, mas precisa ser escrita e lida por você. Sinto-me tão decepcionada, incrédula e questionando: por que uma pessoa é assim? E não encontro respostas. Desde o princípio os Sinais me diziam algo, e minha intuição também, “não vai dar certo, ele mentiu para mim.” Não sei quais foram suas mentiras, quais as palavras ditas que você sabia serem inverdades. Suas desculpas sempre foram estranhas, estórias sem muito conteúdo, mas eu continuava por que gostava de sua companhia. Abri minha casa e minha alma para você, por que acredito na premissa que “a gente confia na pessoa até que ela prove o contrario”. Mas como não tenho prova de nada, só me resta a sensação de que, por suas atitudes, “você não gosta ou não gostava de mim”. Hoje não sei qual foi minha culpa nisso tudo, então todo o vazio que já existia continua, mas não devo insistir em algo que só me faz sofrer.
Enumerar os momentos em que as dúvidas e suas explicações não se encaixaram é “chover no molhado”. Só sua consciência sabe o que você fez. Se era certo ou errado, se era mentira ou verdade, se sincero ou não, se afeto ou desafeto, ou talvez somente “aproveitar que está me dando mole.” Creio que esse também foi um pensamento seu, já que não respeitou minha casa, tudo que ela representa para mim, tudo que passei para construí-las com dignidade, honestidade, franqueza, e principalmente “sozinha”. Tenho orgulho do que sou, pois sei o quanto me custou chegar à plenitude, à paz, à tranqüilidade que hoje tenho, graças à Deus. Pressinto que Ele sempre me protegeu e por isso tenho sofrido pouco, creio, depois de alguns anos e à Ele agradeço todos os dias essas bênçãos.
O que mais me incomoda é não saber a razão de tanto desapego, de tanto desprezo, desrespeito, desamor, falta de consideração sua comigo. Ai, vêm aquela citação meio chavão, mas possivelmente aplicável, “a gente dá o que tem”, ou “a gente só consegue reconhecer no outro aquilo que temos em nós mesmos”. Por isso não consigo entender como um ser humano, com uma vida toda na religião, seja aquilo que você hoje se apresenta a mim através de suas atitudes, tanto passadas como presentes. Eu não concebo que alguém em sã consciência seja o que hoje penso de você e quantas coisas que você fez e eu não soube. Mas só você tem as respostas e com elas conviver.
Essas palavras podem ser só palavras de minha desconfiança, mas você sabe o grau de veracidade que elas tem ou não, sua consciência, sua memória sabe e isso deveria fazer sofrer, ou pelo menos se redimir, se envergonhar. Mas agora não conta mais, não importa mais. Quando um sentimento ruim desses impregna em nossa alma, não há razões, palavras, explicações que consigam aliviar sua força. Só fico triste por ter sido ingênua, ter confiado em quem não deveria. Ter aberto minha casa a uma única pessoa, e que ela hoje se mostra a única que nunca deveria ter entrado. Isso quebra todas os conceitos sobre o que devemos ou não crer, em quem devemos ou não confiar.
Saber o que se é, conforta ou desespera, depende do que se tem no coração, na mente, nas recordações sobre suas atitudes com os outros, com seus semelhantes, com quem te quis bem, te deu afeto, carinho, cuidados. Eu não me sinto culpada pelo nosso relacionamento ter sido o que foi, pois tentei relevar, compreender, justificar o que eu mesmo não sabia o que era. O sofrer solitário e vazio, sem razão não deve persistir. Ninguém quer sofrer, todos buscam ser felizes. Não saber por que não se foi feliz. Por que não fez o outro feliz também não pode perdurar. Fica-se com as incógnitas, e vida que segue.
Sei que esta carta parece dramática demais, mas é a última, então releve. Um dia com a alma em Paz, você talvez a compreenda. Para mim é um desabafo necessário, uma catarse que precisava existir. Sinto muito tudo isso, mas muito mesmo. Porém como poderia evitar? Todas as situações que passamos na vida são fontes de aprendizagem. Essa não foi diferente, embora dolorosa e triste.
Finished.
P. S. Por favor, mantenha o contato, nunca sabemos o que um dia poderemos precisar um do outro.
Beijos,
Irene Freitas
06/02/2011