Caro Emídio,

(In Memorian)

Espero que cada vez que me lembrar disto esteja cada vez mais distante...

O mais difícil de tudo não foi

Ver o mar secar quando eu queria que tivesse enchendo

Não foi o peso insuportável de cada manhã

Cada corte que tive que perpetrar em mim mesma

A fim de acabar com o mal pela raiz.

O mais difícil, enfim

Não foi esquecer...

Foi desamar...

Ver cada pétala murchar depois de florescer...

Ver o sorriso desvanecer no segundo quartel de mentiras

Não foi deixar a lágrima rolar...

Não houve sofrimento,

Não... Mas não posso dizer que não houve dor.

O mais difícil de tudo não foi

Caminhar pra frente

Sonhar novos sonhos

Abraçar o desconhecido com um único par de chinelos

Sem saber pra onde trilhar

O pior foi desamar...

Contar pra trás os minutos...

Obscurecer

Foi aceitar o inaceitável.

Foi deixar de sonhar com o inconcebível

E não mais se arrepender.

Ah, o mais difícil...

Já passou.

E eu espero que cada vez que me lembrar disto esteja cada vez mais distante...

Fabiana Rosberg
Enviado por Fabiana Rosberg em 04/02/2011
Código do texto: T2771637
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