A Carta
O tempo é a semente do universo e passa muito rápido.
Aquilo que foi dito não pode ser desfeito e então nos perdemos na tentativa de alcançar um sentido, que nos explique.
Eu entendo você, talvez mais que a mim mesma.
Posso fechar os olhos e enxergar teus traços, teus pensamentos e a tua confusão.
É inútil tentar encontrar culpados para o que não pode ser mudado.
E eu continuei ali, olhando no fundo de seus olhos sem precisar ao menos de sua presença.
Eu via sem olhar, mais nunca olhava sem ver. E vê-lo, era muito mais difícil naquele momento.
Eu o amava, sabia disso.
Sim, eu o amava. Mais não mais que a mim mesma, e eu não podia cair!
Eis a poesia que quase não escrevi.
A ansiedade em cada gesto.
Cada movimento rápido, olhares para o vazio
A certeza de haver algo errado.
Antes tudo fora tão fácil,
Nunca se apegar a ninguém, poupar sofrimento,
As pessoas nos fazem sofrer.
A compreensão veio lenta e dolorosamente.
Então o vazio apossou-se de meu corpo e as forças que me mantinham
Não existiam mais em mim.
Antes eu não me importava, pois você nunca havia sido nada.
Então por que sofrer assim?
A mão trêmula e o nó na garganta
Um grito que saída das profundezas do meu ser
Banhado de uma dor imensurável.
E a noite, o perturbador silêncio da noite
Mostrando-me a solidão.
Entre lagrimas e vozes agudas de consciência,
A inconsciência.
Foi me tirado o direito de pensar
O direito escolher
Minha liberdade foi burlada por meu próprio ser
E minha incapacidade de resistir ao imundo.
O pior quando se sente dor
É não ter a mais remota idéia de quando e como irá passar.
E a certeza da derrota, da impossibilidade de arrependimentos
Torna tudo tão amplo e revoltante.
Chorar; compulsivamente chorar!
Esquecer do orgulho que não há
Nunca houve
Quem ama não tem orgulho ou restrições, não há leis
Apenas amar e amar e amar.
O mundo ainda era o mesmo
Mas o sofrimento oculto em meu ser
Destruía-me por dentro
Como uma lamina perfurando lentamente cada parte vital do meu corpo.
Quando a noite deu espaço ao dia
O Tormento mais oculto reapareceu;
Eu tinha que ver-te outra vez.
Agora era muito pior enxergar o teu sorriso,
Teu descaso,
Teus olhares ou ausência deles.
E mais uma vez, esperei.
Quando nada acontecia e o tempo prevalecia; cansei-me.
Nada agüentava mais nada.
Você se foi e me perdi; Você retorna e me perdi.
Chega, não há mais nada a dizer.
Feche os olhos e fique em silêncio, é o que precisas fazer.
Chega de tentar entender a mim, meu mundo, minhas verdades inexistentes.
Nada agüenta mais nada;
E eu ainda permaneço aqui!
Só Não me pergunte o porquê...