Acaso sentimento

Paulo Ricardo - Porque a dor da falta corrói, se as saudades e as lembranças tuas constroem o amor que estou sentindo? disse (02:41):

A caminho do local da prova, o vi, mas logo pensei: “Não vou perguntar nada pra ele, não. Parece metido demais, ele se acha...”. Acabei por perguntar e aí começaram a série de coincidências, que, aliás, jamais pararam por aí.

Início de tarde... Uma só ideia tomava conta de mim, tinha que dar o primeiro passo rumo a um dos meus sonhos e assim talvez fosse!

Algumas horas antes da prova, eu sentei na escada, quase na porta da escola e coincidentemente, entre mim e um outro garoto, estava sobrando certo espaço e ali ele sentou, felizmente. Logo foi simpático, a conversa foi fluindo, isso num calor desgastante... Possivelmente, ele estaria com calor e realmente, estava. Me pediu para que eu indicasse um lugar próximo para comprar uma garrafa de água e o fiz, mas fiquei gélido quando percebi sua demora...

Naquele dia, naturalmente, ao indicar o tal local a ele, surgia ali, algo belo demais, mas invisível aos meus olhos fixos num objetivo único.

...

Meia hora antes da prova... Subimos as escadas juntos e lá trocamos ansiedades, inseguranças, mais que isso... palavras de um futuro sentimento, sem ao menos percebermos.

Ao chegar à porta da sala, onde faríamos o teste para dois sonhos distintos. Perguntei se queria entrar e já esperar na sala, porém, decidimos tentar relaxar e espairecer com o lindo jardim que se fazia atrás de nós.

Uma multidão de alunos se espalhava pelo corredor, mas estávamos ou pelo menos, eu estava alheio demais a isso, pouco me importava o que poderia acontecer ou quem chegaria.

Ficamos, enquanto o maldoso tempo nos permitiu... Sentados, conversando, trocando coincidências, até demais... Confidências, experiências, olhares... Enquanto conversávamos sobre universos diferentes, eu já tinha memorizado feliz ou infelizmente, seus olhos verdes, seus cabelos negros e macios, impossíveis de descrever, seu jeito de andar, sua meiguice óbvia, saudosismos, gentilezas, sua expressão calma e um lindo sorriso ansioso estampado em seu rosto jovem e despretensioso.

Poucos minutos antes de começar, nós ríamos juntos de coincidências entre ambos e parecia surgir uma bela amizade, mas me enganei profundamente... A ansiedade dava lugar à alegria repentina e espontânea que sentia!

14h00min... Hora de esquecer seu rosto inesquecível, de me concentrar e de focar os olhos num único lugar, na prova, mas não foi o que consegui! De meia em meia hora, pelo menos, eu o olhava, ansioso, pensando no “acontecido”...

Desesperado, eu olhava para a prova e pra ele e pensava: “Meu Deus, será que essa prova nunca vai acabar? Será que vai terminar antes de mim ou o contrário? Não sei, mas preciso vê-lo uma última vez!”

Por fim, terminei a prova antes dele, mas por sorte ou qualquer nome que o destino queira atribuir a isso, eu o encontrei algum tempo depois no ponto de ônibus e lá, nós compartilhamos respostas, nos conhecemos mais, trocamos queixas, até normais, mas o ônibus chegou em seguida.

E a última vez que nos vimos, naquele mesmo dia, foi numa rodoviária, onde as pessoas vêm e vão. Ele foi e eu fiquei... só, ou melhor, a distância me acompanhou.

Só me restaram lembranças, e um sentimento que ninguém é capaz de definir ou nomear!

E espero que um dia, esteja onde estiver, com quem ou qualquer, possa ver o que um dia eu guardei, guardo e guardarei!

Paulo Ricardo Pacheco
Enviado por Paulo Ricardo Pacheco em 31/01/2011
Reeditado em 12/12/2011
Código do texto: T2762627
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