Você me sufocava de um jeito perigoso

Um ano. Um ano sem você, e eu sobrevivi, como jamais imaginei que sobreviveria. A verdade é que eu vivi. Você me sufocava de um jeito perigoso. Eu não a queria distante, porque te amava, mas você me sufocava e controlava até a minha respiração. Eu sei, talvez não tenha sido essa a intenção. Mas eu me sentia pateta e ridícula perto de você e de toda a sua esperteza. Seus lindos olhos sempre me mostravam que eu nunca seria tão amada e tão feliz como você. Não, eu não tinha inveja. Eu tinha um misto de sentimentos, e eu não consigo explicar. Mas eu desejava fervorosamente que você se tornasse uma pessoa mais ética, eu não sei se seria essa a palavra.

Tenho pensado muito em você. Você me faz muita falta, apesar de tudo. Ou por causa de tudo, nem sei dizer. Mas não tem jeito. As coisas não vão mudar, porque nem você nem eu estamos dispostas a mudar nada. E, você sabe, eu nunca vou dar meia volta e te pedir desculpas. Fazer isso seria admitir um erro que não cometi e te dar o direito de guiar meus passos e controlar minha vida. E, você sabe, nada me fere mais do que tentarem me tirar a liberdade.

Entenda, meus erros nunca te feriram. Além disso, quantas vezes eu fiz parte de tuas histórias inventadas para que ninguém soubesse dos teus erros e das tuas cagadas. Não, eu não estou jogando na tua cara que eu fui tua melhor amiga somente quando isso te interessou, apesar de você, eu e todos saberem que isso é verdade. Não tenho mágoas. Você me usou, mas eu me deixei usar. Essa culpa dividimos.

Tudo bem, meu bem. A vida se vive olhando para a frente. E o mundo dá tantas voltas que não será surpresa nos encontrarmos novamente com novas histórias pra viver. Quem sabe juntas novamente. Ou não. Já não importa.

Não nos esqueceremos nunca, eu sei e você sabe.

Kelly