2011 – Aprenda a chorar na chuva
Vou dar um conselho para ti. Ou para você, caso prefiras ser tratado assim. Atualmente, é melhor chorar na chuva. Caso tu/você mores em uma região de baixa densidade pluviométrica, então aprendas a derramar tuas/suas próprias lágrimas em uma piscina.
Não tens/tem? É preferível, assim, te/se emocionares em um chuveiro. Não tem água? Faltou? Acabou? Seria melhor aprenderes a controlar estas tuas/suas emoções. Pois não se está mais dando espaço para demonstrações de sentimentos.
Estamos virando rochas. Duras. Secas. Não por opção. Por realidade. Esta representação do mundo que criamos para viver, não admite herrôs. Sem vacilos. “No way out”. Ou enrijecemos nossas pernas e transformamos nossos pés em chumbos, ou seremos trapaceados pelas peças que esta vida malandra nos prega.
A individualidade que nos impusemos não está mais perdoando nossas próprias idiossincrasias. Tampouco nossas próprias idiotices. Temos que ser enlatados. Tabulados. Vamos todos começar a rir juntos. Chorar juntos. E tudo em um horário específico para sermos considerados “gente”.
Tu/você estás jogando moedas aos altos para decidir as tuas/suas decisões (redundância não pode). Ou seja (para economizar espaço), temos que começar a enxugar o gelo (gêlo, popularmente escrevendo). Temos que cortar palavras. Devemos compactar tudo o que queremos dizer. Falar (se eu já falei dizer, não tenho porque dizer falar). Agir. Para que possamos orar: “Realmente, eu sou gente. Uso o mesmo tipo de terno do meu semelhante. Apesar de ele estar na televisão e eu aqui, na vida real, mas sou igualzinho a ele”. Até o dia que vier o baque e você/tu perceber que não é igual a ele. Quem é ele?
O seu/teu terno e o teu/seu carro importado que tu/você irás pagar de 60 vezes, e que quando puder realmente dizer que é teu/seu, já vão estar fora de moda. Obsoletos. Como estamos nos tornando. Reificamos nosso corpo e nossa mente. Tornamo-nos como os “tios que veneram a moedinha número 01”, patéticos. Somos patos. “Qué. Qué”. Ou “Quack. Quack”. (utilize-se do livre arbítrio).
Não existe mais o famoso “passa mais tarde”. Tem que ser tudo no “aqui e agora”. Por isso, é melhor tu/você construíres e preparares teu/seu mundo. Já que o mundo não vai te/lhe preparar para ele (clichê).
Concordo plenamente contigo. Ou com você. Mas não é pessimismo. É o puro e simples (apesar de complexo) realismo. Seria ideal se todos estivessem abertos a diálogos. E quem sabe até a abraços. Só que inventaram o famoso “aperto de mãos” para provarmos que estamos desarmados.
Mas até que ponto? Já que, internamente, armamo-nos com nossas próprias defesas. E tu/você, que aqui lê (ou ouve no pensamento), vieste te/se procurar no ½ de tantas palavras. Aqui ->bem aqui<- no meio estás novamente: bem no ½ dos contrastes.
Seria muito cômodo continuar herrândo ao escrever nos cadernos da vida o ano em que estamos. Mas não é 2001. Já é 2011.
Não vai consertar a vida querer voltar ao passado. Se fizemos da nossa existência um objeto que necessita de reparos... Se a vida fosse um carro... Voltar a quilometragem não nos faria apagar do hipocampo as estradas que já percorremos...
Tampouco sabedoria vem com o nosso “carro” parado. É sim! Não estamos em 2001. E apesar de tantos ensinamentos, ainda choramos com ou sem chuva. Com ou sem água.
E se caso, eu ainda puder retificar, prefiro agora não ratificar. É melhor não ter pés de chumbos. Se não, ficamos no mesmo lugar. E se (novamente) minhas pernas dobrarem, ao menos sei que tentei mantê-las firmes. E pude ver que sou humano. Pato ou ganso, mas não sou clone.
Então, se errâmos, foi porque tentamos (clichê II – A Missão). E se falo em 1ª pessoa do singular e misturo com a primeira pessoa do plural, é motivo de que te/lhe reconheço em mim.
“Eu só existo graças a ti/você.
Se ao menos você/tu pudesse também perceber...
Nós veríamos que somos noz.
Ou é preferível ser pato?”
Poderíamos, destarte, deixar de nos esconder entre medos do que o mundo nos representa. Nós e/ou noz é que o representaríamos.
Estaríamos apenas aqui. 200... 2011.
Que outro lugar mais haveríamos de estar?
Apesar de que isso não é local..
É tempo...
D êndi. (ê rei?)