Carta Para Uma Russa
Evgenya
Poá, 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, de 2011.
Boa tarde! (é que eu não sei que horário é aí, mas aqui são 15h24 ou P.M3h24). Tudo bom? “Estou levando na medida do possível...”
Vou falar um pouco de meu humor já que insistiu tanto. Eu sou uma pessoa que contagia as outras. Não vou dizer que estou passando um dos melhores momentos da minha vida, portanto, em muitos momentos prefiro estar só, mas ainda assim tenho meus bons momentos.
Moro no Brasil, na cidade de São Paulo, para ser mais preciso Poá. Você deve saber que São Paulo é a terceira maior cidade do mundo seguida de Tóquio e Cidade do México. Sempre morei em São Paulo, no bairro do Ipiranga (só este bairro já é maior que a sua cidade), onde Dom Pedro II proclamou a Independência do Brasil. Quando eu tinha 19 anos minha família se mudou do Ipiranga para Poá. Poá é um município vizinho, deve ter umas 90.000 pessoas também. Achei muito ruim quando me mudei para cá, pois estava acostumado com a agitação: tiros, gente morrendo na minha frente (como já vi), baladas, hip-hop (eu cantava também antigamente, hoje só escrevo), automóveis pra cima e pra baixo... Acredito que em todo lugar tenha morte, por isso não se assuste, se quiser eu conto minhas experiência com esta coisa horrível (a morte) em outra carta, mas, como hoje é aniversário da minha cidade, prefiro dizer que hoje faz 15 anos que beijei meu primeiro amor atrás do colégio. Por que me esquecer de uma coisa tão boa que me aconteceu, né?
Aqui em Poá fiz colegas, mas não acredito que amigos. Tenho dois amigos: um deles continua morando no bairro do Ipiranga e o outro mora na cidade vizinha, que faz parte de São Paulo, chama-se: São Bernardo. Este segundo é um primo. Amo muito meu primo, mas por causa da distância e o fato de o pai dele ter falecido e se parecer muito com o meu a gente se separou. Era muito triste para ele ver o meu pai e se lembrar do pai dele. Isto não quer dizer que ele não seja meu amigo.
Aqui em Poá tudo é mais pacato e hoje estou acostumado com isso.
Nós não somos um país de primeiro mundo, onde o transporte funciona perfeitamente: os trens são cheios e lentos. Ah! Que inveja dos trens da França e da Europa rsrsrs. Os ônibus também não são lá essas coisas. Por isso eu gasto mais ou menos 1h30 para chegar ao centro de São Paulo, mas se o trem corresse ao menos 150 km/h este tempo poderia cair pela metade, ou seja, o nosso governo é uma bosta, porque só tem corrupto que luta por seus próprios ideais, enquanto o povo passa necessidades... igual ao jovem que clamava – isto nesta segunda-feira – por ajuda, porque seu cunhado estava com problema cardíaco e estava suando muito, mas não tinha médico para atendê-lo e mais um monte de pessoas que choravam de dor nos bancos ou encostadas nos muros (isto eu presenciei com meus próprios olhos). Ou seja, o que é público aqui não funciona. A única coisa que funciona é o salário dos funcionários públicos.
Aqui um o trabalhador recebe 3% de aumento salarial no fim do ano e o político recebe 60%. Ora, num país que o povo tem tantas necessidades isto chega ser até falta de humanidade. A Aposentadoria de um trabalhador que prestou serviços durante 35 anos é de apenas R$ 500,00, enquanto o político enrola oito anos e ganha mais de R$ 15.000,00 de aposentadoria. Estas são coisas que nos revolta muito.
Mas, o nosso povo é contente!
Aqui em São Paulo há uma mistura muito grande de povos e raças. No centro se vê: americano, boliviano, angolano, japonês, português, coreano, chinês, mohamed rsrsrs. Coisa de doido! E todo mundo é entrosado. Sem contar os povos de todos os lugares do Brasil como os nordestinos que vêm para cá para tentar uma vida melhor, em busca de emprego.
Gosto de São Paulo, mas tenho muita vontade de conhecer o nordeste do Brasil, onde há lugares lindos e as pessoas são mais humanas e hospitaleiras. Como a condição financeira não ajuda o jeito é sonhar, já que aqui, infelizmente, não tem trem de viagem. É que os políticos dão mil e uma desculpas para, simplesmente, não fazer nada, enquanto, eles voam de avião pra cima e pra baixo com o dinheiro público.
Agora, mudando completamente o assunto, e não querendo ser indelicado, (mais curioso mesmo): como você me entende se você é russa? Você é homem ou mulher, porque em algumas vezes põe a primeira pessoa no masculino e às vezes no feminino.
Tratando-se de clima: prefiro mais o clima do Brasil que o gelo constante Russo. Agora como eu nunca fui aí não posso dizer que sua cidade é boa ou ruim.
Aguardo resposta.
Abraço
Um brasileiro qualquer