Diário de guerra
Meu melhor amigo morreu hoje. Acabo de fechar seus olhos e rezar uma oração. Nunca fui muito de igreja, mas nessas condições, vale a pena apelar para Deus. Estou sozinho. Meu companheiros estão todos mortos. Estou sem munição e os ratos destruiram meus mantimentos. Aqui, nessa trincheira, faz oito meses que não como nada. A água é pouca. Estou fraco. Logo vou morrer também. A guerra é horrível. Matei muita gente. Acho que vou para o inferno, embora talvez lá seja melhor do que aqui. Qualquer lugar seria...
Hoje peguei a foto que trouxe de minha família e fiquei lembrando de como eu era feliz antes de ter que vir pra cá. Minha esposa, linda e carinhosa. Meu garoto esperto, tão parecido comigo. Minha pequena princesinha, que hoje já deve ser uma rainha. E também meu outro filho, ainda não nascido quando eu sai de casa. Pra nunca mais voltar.
É triste, mas não vou cultivar esperanças. Ouço um batalhão marchando pra cá. Eles não terão piedade de mim, assim como eu não teria piedade deles. Apesar de tudo, estou feliz pela contribuição que fiz ao meu país. Me disseram quem me cobririam de honras e medalhas. Pena que não poderei viver até lá.
Me despeço agora de tudo e de todos, pois já não verei mais o sol.