Um Mar de Recordações.
Hoje ouvi aquele LP antigo - A tempestade do Legião Urbana e as lembranças vieram mais fortes e chorei. Lembrei que foi você que me deu, lembrei que guardei teu lugar na mesa da festa de formatura com uma fotografia sua. Desde aquele dia o teu lugar ficou guardado, nas viagens, no banco ao meu lado, no altar no meu casamento, no meu escritório o teu nome ficou associado.
Ficou reservado no batismo dos meus filhos e quando eu assisto aquela comédia eu choro sentindo falta do teu sorriso. É isso.
Outro dia eu fui na prainha e lembrei de você com medo do mar, se eu soubesse que seria lá a última vez que te veria... Lamento tanto, tanto por isso!
Mas é engraçado que o tempo passa e eu ainda lembro o número do teu telefone e às vezes eu ainda ligo, só pra ouvir: “O número chamado não existe.” e como é triste! Também é triste não ouvir mais o meu nome no diminutivo (só você me chamava assim).
Eu guardei os seus cartões de aniversário, de natal, os guardanapos de bares, com nossos assuntos altamente sigilosos. E hoje sei lá porque e acho que só você saberia, eu vi uma camisa linda na vitrine e achei a sua cara. Então voltei para casa e chorei escondida dentro do “box” mas você não estava sentada na tampa da privada e acho que não vou mais fazer isso. Eu continuo escrevendo cartas que ninguém lê e quando vou no mar eu falo contigo, mesmo sabendo que acharia isso mórbido demais e me daria muita bronca. Sinto falta delas!
Estou no saguão do aeroporto. Perdi o medo de avião e outras coisas que eu não queria ter perdido.
Estou usando óculos ( você riria muito disso!)
Mas é só isso amiga , me deseje boa viagem! E entenda que é só saudade.
Cristhina Rangel.
Em memória de minha amiga Débora Praxes. A Nete.
24 anos de sua ausência.