Por muito, muito tempo
Por muito tempo eu quis ser visto com outros olhos, por muito tempo em minha vida procurei ser o homem ideal para você, que me desprendi de mim mesmo como uma parte de gelo que se derrete e se desloca de um grande Iceberg.
Por muito, muito tempo perdi grandes oportunidades, de tocar seu rosto e segurar suas mãos durante alguns minutos que em mim se tornariam eternos,mas, sempre tem um “mas”, e o meu foi o “mas” de não ter tentando, arriscado e até vívido mais intensamente meus dias, quando estive perto de você. Mas minha voz sempre embarbava, minhas mãos, minhas mãos suavam frio, é como se eu perdesse todo o chão embaixo de meus pés e mesmo assim tentasse caminhar.
Por muito tempo, caminhei tão só, quem nem a própria solidão me acompanhava, eu sozinho contava meus passos que sem direção caminhavam sem rumo a esmo a seguir o fraco clarão da lua sobre os horizontes cobertos sobre a neblina.
Por muito, muito tempo tentei calar o grito do meu silêncio e cegar meus olhos para nada ver, na crença do velho ditado “o que os olhos não vêem o coração não sente”.
Hoje Vejo que por ter deixado muito tempo eu ti perdi, e da pior forma que um coração pode suportar, talvez ele não bata em meu peito, talvez apanhe e a cada dia que passa fica mais fraco...
Talvez, talvez não seja culpa do tempo, talvez o culpado seja eu, por deixar tudo para o tempo resolver, e então, ele ao ver que eu não esboçava nenhuma reação diante a ver tanto tempo, tomou a difícil tarefa de por este fim.
Agora, o tempo não é o mesmo que em outrora, o tempo que perdi já se foi e por incrível que pareça o outro tempo há de me aprisionar também. E eu sei, eu tenho a certeza de que te perdi pra sempre, pra sempre...
Só me resta o tempo para eu escrever, e escrever, como uma rota de fuga de minhas dores que estampadas estão no coração.
Talvez em todo esse tempo seja a maior carta que já escrevi, e por conseqüência a última, pois, por muito tempo me aprisionei, por muito tempo me calei e de todo esse tempo eu quero registrar nessas linhas o pouco do que sinto, eu sei que você pode não ler essa carta inteira, sei também que se ler não vai sentir nada, seus olhos podem não lagrimejarem quando direcionados estiverem a ler essa carta, mas se por acaso eles chorarem, não vai ser como os meus que desde há muito tempo deixei cair ao chegar o ponto de molhar essa carta...
Aguardo um dia que você sinta o mesmo por mim, e passe por todos os tempos que passei, pois com isso aprendi o que é amar, e mesmo que eu termine aqui está carta, lembre-se, esperei por muito tempo, mas se um dia você resolver acordar, pode ser que eu esteja aqui, mas também pode ser que seja tarde demais... Tarde demais...