O amor

"Que é que eu penso do amor?- Em suma, não penso nada. Bem que eu gostaria de saber o que é, mas estando do lado de dentro, eu o vejo em existência,não em essência. O que quero conhecer (o amor) é exatamente a matéria que uso para falar ( o discurso amoroso). A reflexão me é certamente permitida, mas como essa reflexão é logo incluída na sucessão das imagens, ela não se torna nunca reflexividade: excluído da lógica (que supõe linguagens exteriores umas às outras), não posso pretender pensar bem. Do mesmo modo, mesmo que eu discorresse sobre oamor durante um ano, só poderia esperar pegar o conceito 'pelo rabo': por flashes, fórmulas,surpresas de expressão, dispersos pelo grande escoamento do imaginário; estou no mau lugar do amor, que é seu lugar iluminado: 'O lugar mais sombrio, diz um provérbio chinês, é sempre em baixo da lâmpada'."

RICARDO Nove
Enviado por RICARDO Nove em 11/01/2011
Código do texto: T2723348