Para o ex
De en-passant você me capturou e fiquei de passagem pela sua vida por algum tempo e durante esse tempo compreendi, entre outras coisas, a lei da relatividade. Então descobri que nem tudo que passa, passa completamente. Passar é um verbo relativo.
Não acredito no acaso. A lei de causa e efeitos é minha consoladora diante do inesperado, por isso, penso que você chegou e partiu em horas exatas. Partir não é um verbo relativo, mas quem parte deixa rastros, e rastros, marcas. Minhas memórias, todas elas, ficaram impregnadas com as suas marcas e por causa delas, hoje, para mim, o café tem gosto de aconchego, as dobraduras dos origamis já não são tão misteriosas e as belas jogadas de xadrez conseguem me fascinar.
Quando nos encontramos há alguns anos atrás, tive a certeza de que seria para sempre. Sempre não é relativo, mas também não é todo dia. Você será eterno, mesmo que ausente, porque enquanto compartilhávamos dias de frio e calor, trocávamos experiências energizadas. Certamente, a energia de suas experiências acenderam algumas luzinhas que estavam apagadas dentro de mim. Com isso, consegui iluminar túneis que de tão escuros, eram inexistentes.
Com você descobri o valor da simplicidade, percebi que uma fotografia não é apenas uma fotografia e que as palavras podem ser escutadas, mesmo quando estão mudas. Aprendi a sofrer quando é preciso sofrer e a sorrir só quando tenho motivos para os sorrisos. Mas, o mais importante de tudo que aprendi com você foi a dizer não quando tenho vontade de dizer não, a não violentar meus desejos, a ser honesta com quem mais precisa de minha honestidade, eu mesma.
Hoje quero lhe dizer que você sempre será presente, mesmo que passado, porque existe ex-marido, mas não ex-amigo. Além do mais, ex inicia excelente, extraordinário, excepcional, expressivo, e como tudo é relativo, por que não, expecial. Fique a vontade para escolher o final que você quer dar ao seu ex, porque o final do meu, eu já escolhi.