NAVEGAR È PRECISO. VIVER NÃO É PRECISO
“...Navegar é preciso, Viver não é preciso.”
Navegando por mares infinitos
Entre o céu e águas totalmente
Meu coração e a sua verdade.
Tantas tormentas, calmarias
Tantas procuras perdidas
Nas estrelas da madrugada
Insones noites sem vento
Os lábios ressequidos
De sol e sal no dia interminável
Águas e céu são um só...
Um oceano sem porto
“... Navegar é preciso, Viver não é preciso.”
Cantante m'ia alma abriu a manhã
Chorara tua ultima dignidade
O Marco não divisado
Velas sem vento, calmaria
São um só, céu e águas
Sem plumo e sem rumo
O naufrágio diante dos olhos
Navegar é preciso...
Timão descontrolado na tormenta
As águas invadindo as galés
Sem mais forças na “ponta de corda”
O brado vertido das entranhas
Rasgando este oceano sem porto
Sem praia, sem chegada...
“... Viver não é preciso!”
Tremulando azul na ponta do mastro
Uma bandeira saliente em meio a névoas
Reitera o seu cansaço e treme
“... Viver não é preciso!”
Ondas gigantes, buracos de mar
O eminente naufrágio
O leme escorrendo das mãos.
“--Navegar é preciso!”
“--Navegar é preciso!”
Grita o coração desesperado
O seu amor ao mar...
Céu e águas na mesma cor
Águas que caem...
Em lágrimas, chuvas da alma
Águas que invadem as galés.
“Viver não é preciso.”
Sem firmeza nos pés
O coração balouça sem leme
“Viver não é preciso!”
E grita entre as águas e o céu.
-- Um porto! Um porto!
Navegar é preciso!
Viver...
PS:Camões e mais tarde Pessoa, entenderam a profundidade deste pensar, e Caetano cantou tão sentido. Hoje canto sobre a minha própria tempestade...