Cartas de Amor pra você n. 2
E numa data qualquer, de tarde fria e de ventos fortes, o que era sonho, tornou-se realidade, pisou sobre a areia escorregadia da praia de minhas fantasias.
Vi você como um ser tocável pelas minhas mãos e meus olhos semi-cegos vislumbraram seu vulto, de pé, diante de mim, como homem real, cheio de ânsias e desejos de amor. Seus olhos brilhantes se assemelhavam aos de uma criança que encontra uma borboleta que se escondia no jardim.
Abri meus braços num gesto repleto de ternura e aceitação; embalei-o nos meus desejos e lhe fiz um deus, que tudo pode, tudo realiza, tudo domina.
Você veio surgindo da luz resplandecente de minhas fantasias, para se tornar ser visível e real, mostrando-se ora como homem forte, ora um menino carente e amedrontado, ora um deus dominador, egoísta e arrogante; e assim da mesma forma que veio se foi, desaparecendo pelos caminhos, apagando os seus próprios rastros e de repente percebi que tinha perdido seu vulto na escuridão. E então, tudo que era belo como um sonho iluminado, tornou-se um pesadelo, na madrugada fria ao romper de um novo dia.
Você foi embora. Ficou apenas a lembrança de uma luz que brilhou nos céus de minha vida e passou tão rápida quanto uma estrela cadente e, portanto, esta rapidez inusitada nos leva a duvidar da realidade e nos perguntar se foi verdade ou mentira o que vimos, o que sentimos durante o transe emocional.
Você foi embora. Ficaram a saudade e o desejo latente de sonhar mais, embalando minhas noites, cantando nos meus dias, até que chegou a hora do retorno.
Amo você.
Meu recanto, numa segunda noite de primavera do ano de 2003.
ailecaniger - reginacelia