Desabafo...

Porto Alegre, 21 de dezembro de 2010.

Faz anos...

Exatamente 14 anos, quatro meses e 10 dias... Poderia dizer-te horas, minutos e segundos, mas são insignificantes perto da falta que me faz.

Às vezes preciso concentrar-me para lembrar o teu rosto, recorro a uma foto que carrego na bolsa, isso dói e me questiono, será que é só comigo que isso acontece?

Teu cheiro, ah... Esse eu tentei guardar naquele teu casaco do dia a dia, mas não sei se é minha imaginação ou ele ainda existe impregnado naquela peça de roupa velha e sem uso por todos esses anos.

Mas a tua voz, essa não tem jeito de esquecer, principalmente quando me xingava...

Poxa, tu não faz idéia como fiquei brava contigo por me deixar tão jovem e sozinha nesse mundão! Eu era apenas uma adolescente de 16 anos, filha única... Só era eu e tu naquele apartamento, porque me abandonou? Não me deixou ter o direito de me preparar para esse inconveniente!

Hoje com 31 anos entendo, mas ainda não aceito!

Não aceito o fato de não ter o direito de ter alguém para abraçar, beijar e me consolar quando mais preciso, como agora.

Sinto tua falta todos os dias de minha vida, minha mãe querida!

Final de ano perdeu a graça para mim, desde o dia que partistes sem ao menos se despedir.

Mas mesmo assim agradeço a Deus por ter me dado à luz, pois foi a melhor mãe do mundo.

Aprendi princípios que nenhum outro ser poderia ter me ensinado tão bem como me ensinou.

Deu-me base, e agora pensando bem, me preparou sim para o acontecido, pois se não fosse teus ensinamentos, contigo eu teria morrido!

Com todo amor, respeito e admiração...

Saudades, Kizye.