A ti Marta
O planeta virou-se do avesso
Desdobrou-me em duas
E uma delas mal conhecia! É a dor da tua ausência
O não aceitar a viragem abrupta que nos vira a alma ao contrário e nos deixa sem voz.
Não estou serena ainda quando penso em ti
Corrói e queima o corpo e a alma como uma ferida violentamente aberta e que sangra sempre, não passa um dia em que não chore a minha vida sem ti,
Em que esta ferida cicatrize ou simplesmente não me lembre de algo contigo ou em ti.
Caminho neste momento mais depressa, porque vida corre e rouba-nos pessoas e marcas todos os dias, e de hoje para amanhã posso cair e não me levantar, posso partir sem o adeus ou simplesmente sem o suspiro de ter feito e construído todos os meus sonhos.
Tu amavas cá andar
Amavas a vida como poucos
Com todo o tempo do mundo e com o maior sorriso de todos
E algo te levou
Te arrancou á força de nós todos de um segundo para o outro...
Deu-nos tempo de te dizer adeus
Mas a ti roubou-te todo o tempo que ainda tinhas e o som da tua voz
Que hoje faz eco em todos os lugares que entro e em que tu já não estás.
Penso em ti todos os dias
E se antes tinha medo da morte hoje não tenho nenhum
Porque se estás num sítio que todos desconhecemos não tenho receio algum de ir para
O mesmo lugar que tu.
Não há um dia que não fale de ti
Que não pense em ti
Que não sinta o vácuo no meu coração pelo teu silêncio e pela tua ausência
Não há um dia sequer que não meta desinfectante nesta ferida
Que insiste em abrir e remexer todos os momentos.
Não existe um dia que não sinta falta da tua voz aqui e além
E quando ouço chamar por mim
Com nome da velha infância
Olho para trás em busca de ti
Ouço a tua voz mesmo quando a mesma se calou para sempre.
Adeus Marta, até já!