Presença Ausente
Toca ao fundo uma triste melodia,
Que ecoa por toda solidão daquela sala...
E torna mais intensa essa ansiedade,
Esse desconforto de te ter como memória
De lembrar da tua presença ausente,
Que de alguma forma me confortava
E me tirava dessa realidade cruel.
Me sento agora no chão
E respiro a poeira dos móveis
Que continuam intactos desde a sua partida.
E as margaridas que eu te dei
Ainda estão no mesmo vaso;
Mas agora, mortas...
Acendo um cigarro
E preparo uma xícara de café
A campainha toca, me arrasto até a porta...
Uma carta sem endereço, sem nome no envelope
Sento na escada e a leio...
Você traduziu o seu adeus eterno em palavras
E eu só pude demonstrar minha saudade em lágrimas solitárias...
E por dentro eu ainda imploro a tua volta
E só ouço minha respiração ofegante como resposta.
Então volto pra sala e tomo meu café gelado...
Prometo a mim mesma não mais sair desse recinto.
Me congelarei pra você nesse cenário fúnebre
Esperando imóvel pelo seu regresso inexistente.