O RECADO DE AMOR

Henricabilio, querido comentarista de além-mar! Procuro redarguir às tuas objeções...

Todo o poema é um convite à reflexão, parece-me. E as eventuais exceções confirmam a regra. O poema é um convite à instauração de novidades, dúvidas, perplexidades, e que nunca conterá respostas a eventuais questionamentos. Acaso isto ocorra, restará excluída a Poesia. Em suma, a Poesia ensina a PENSAR...

Há uma aparente exceção (e que não refoge ao contexto geral) e que se chama POESIA SENTENCIAL OU INCISIVA, em que o autor pretende algum comportamento ativo ou de abstenção (fazer ou não fazer) de parte do leitor. Pode-se constatar isso em alguns autores alemães e austríacos dos séc. XIX e XX. A poesia de Brecht é um bom exemplo...

Bem, tenho conversado muito com Lígia Antunes Leivas, confreira na Academia Sul-Brasileira de Letras, de Pelotas/RS – atuante nesse Recanto das Letras – que também é professora universitária (jubilada) e revisora de textos, sobre o exemplar (mesmo que pleníssimo de doçura) que não chega a conter Poesia, a que denomino “RECADO DE AMOR”

Já tive oportunidade de abordar este tema em 27/07/08, em POSSESSÃO, RECADO DE AMOR E O POEMA. Se o leitor quiser mais, peço que siga pelo link: http://www.recantodasletras.com.br/mensagens/1100393

Lá está exposto: “... Realmente um belo recado amoroso pode vir a ser um embrião de poema... E a possessão é tão forte que na volúpia do desejo chega-se a pensar que se pode construir o poema com toda essa emoção do ter e o devir...”.

Trata-se de um escrito pleno de bilateralidade (o Eu e Tu), o qual perpetua o colóquio lírico-amoroso, tão comum nos redutos da Rede, principalmente na lavratura de vertente feminina. Porém não chega aos parâmetros do gênero Poesia, porque é discurso derramado, direto, ausentes as figuras de linguagem, portanto, sem a utilização da linguagem em sentido conotativo...

Lígia – a quem respeito muito – acatou a classificação e até me sugeriu que escrevesse aos administradores do Recanto, pedindo que viessem a criar o “RECADO DE AMOR” como modalidade nesse site destinado a escritores. Não levei adiante a ideia, já que o assunto merece discussão no foro próprio e, talvez, nem venha a ganhar adeptos... Levo isso a ti como elemento de discussão.

Grato pelo teu honroso comentário. Com o meu apreço de sempre, seguem os abraços e o carinho do JM.

Para o texto: O VERSO É CONVITE À REFLEXÃO (T2658302)

– Do livro O NOVELO DOS DIAS, 2010.

http://www.recantodasletras.com.br/cartas/2671532