Carta ao Lula

Bom dia! Presidente,

Escrevo esta humilde missiva para lhe dizer umas palavras. De início, quero dedicar uma homenagem à sua pessoa. Pesquisei na internet um "jingle" e achei o de sua campanha, de 1989, em que tínhamos a esperança de um novo Brasil. Naquela ocasião, um collorido levou a melhor, mas a esperança só se renovou. Ao som de um harmonioso “olê, olê, olá”, alimentamos o sonho de uma estrela a brilhar. Ela brilhou. Sua determinação e amor pelo Brasil é algo que nos alimenta e nos comove. E quem vivia a céu aberto pode, sem nenhum medo de errar, contemplar o mais límpido dos céus. E isso é devido ao senhor.

Eu me lembro que de início, ainda no finzinho dos anos malditos, eu tinha uma simpatia por um cara, claro que por desconhecer o socialismo e suas idéias, e que quase me deixei levar por uma pantomima que dizia: “Juntos chegaremos lá”. Nem gosto de lembrar. Mas passou e eu preferi a estrela.

Eu sempre gostei de viajar. Antes, na era collorida ou bicuda, eu não tive a chance, porque a grana sempre andava curta. Servidor público massacrado por um congelamento cruel de salários, que recebeu apenas, na gestão tucana, um glamuroso PDV, tive em 2002 um avanço na carreira e o salário deu uma melhoradinha. Aliás, a minha estrela brilhou a partir daí. Eu entrei para a faculdade em 2001. Era particular, e pagar era dureza, tanto que tinha vendido um Chevett 85, comprado um anos antes, à custa de muita economia, para poder pagar as parcelas em atraso do primeiro semestre do curso de Jornalismo. Mas em 2002 foi diferente. Me formei em 2006. Pense num cabra orgulhoso, eu!

Eu consegui também outros avanços e sinceramente não cabe enumerá-los. Por essa razão vou falar do que vi nas viagens que fiz, depois do brilho da estrela. Em 2004, em dezembro, eu fui para o sul da Bahia e as estradas já estavam boas. Tinha comprado meu carrinho, outro depois do Chevett 85, e pude perceber alguns avanços. No Maranhão, por exemplo, três meses depois de ter ido à Bahia, os meus tios que nunca tinham visto uma Tv assistiam aos seus depoimentos em entrevistas e choravam. Eles tinham luz em casa, Tv com parabólica e o frango não ficava mais salgado. Agora era congelado.

Percebi que um amigo da minha mãe, que não quisera abandonar o sertão do Piauí, estava de moto e uma casinha porreta lá no interior do estado. Ele sempre fora da roça e vivia do que plantava. Conheceu uma tal agricultura familiar e hoje rir para o mundo. Falando em mundo, o filho dele tinha o bolsa família e também rir para o mundo, mas do outro lado do mundo. Numa escola técnica federal ele fez um curso importante e hoje vive no Japão. É, no Japão.

Eu notei também uma mudança muito grande nos aeroportos. É, se as estradas estão boas, os saguões estão lotados. É que gente que só andava de “pau-de-arara” hoje anda de 737-300, 500, 800, enfim. Voar ficou para os mais humildes, também. Eu não gosto. Prefiro o asfalto e os caminhões levando e trazendo as riquezas. As lojas, senhor presidente, estão mais cheias e as casas estão mais sortidas de um certo luxo. Ah, eu comprei o meu segundo carro zero em quatro anos. O senhor precisa ver, é uma belezura.

Eu me lembro que o senhor tinha uma barba preta, cheia e o rosto sempre franzido como se estivesse com raiva. Essa postura foi ridicularmente falada pela mídia elitizada que dizia que o senhor não tinha, sequer, pasme, “cara” para governar. Tantos outros almofadinhas tinham estado ai no seu lugar antes e nunca nenhum deles ficou com cara de bravo. Também não tinham motivos. O país era uma só coisa dividido em duas partes desiguais. De um lado os ricos e poucos e do outro os pobres e abundantes. A sua cara fez uma diferença danada na vida desse povo, o do segundo lugar no parágrafo.

Fizeram uma mudança e o senhor virou o “paz e amor”. Eu gostei. Hoje vivo em paz com os bancos e faço amor por amor e sem tantas rugas no rosto. Como se diz por aí: só alegria. É, porque namorar a patroa depois de um dia de cobranças e aporrinhações não tinha como. Hoje a gente até pode ser mais romântico, como, por exemplo, fazer um cruzeirinho ai pelo atlântico. Ah, senhor presidente, o senhor é o cara.

O país mudou e isso é inconteste, porém temos muito a seguir e acredito que sua estrela irá brilhar ainda muito mais. É nessa ótica otimista que me despeço e lhe agradeço ao muito que tenho hoje. Como cidadão e como cristão católico acredito que Deus tem sempre algo de bom para aqueles que Nele creem. O senhor é esse algo de bom e a nossa constelação está uma claridade só.

Sabe, Lula - se me permite essa intimidade no último parágrafo da carta -, eu realmente estou emocionado com a vitória da Dilma e estou vibrando com a continuidade do seu projeto. Nunca antes na história deste país, ops!, acho que estou copiando alguém... voltando… nunca estivemos numa situação tão vantajosa.

Obrigado presidente, que Deus o abençoe hoje e sempre.

VALBER DINIZ
Enviado por VALBER DINIZ em 13/12/2010
Reeditado em 12/05/2011
Código do texto: T2669012
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