Absolutamente nada.

Não é isso que somos?

Se por algum momento fantasiarmos que somos mais que isso, só estaremos mentindo para nós mesmos.

É uma verdade simples. Não trouxemos nada de onde viemos para este mundo, nem levaremos nada para fora dele. Tudo que aqui adquirimos, sejam bens, sentimentos, emoções ou personalidade qualquer, é efêmero e será esquecido assim que a última pá de terra seja lançada à nossa cova.

A partir daqui, quem lê este escrito com certeza pensará: “Ora, mas que calúnia! Claro que sou algo, tenho pessoas queridas, tenho amigos, tenho amores, e com certeza estas pessoas não me esquecerão tão facilmente. Sendo assim, tenho a certeza de que o mundo não me esquecerá, já que as pessoas não me esquecerão!”.

Talvez, meu amigo, talvez... Mas e quando estas pessoas que você tão pretensiosamente crê que nutrem sentimentos por você também se forem? Não são laços tão fortes assim, não é mesmo? Tão fáceis de serem quebrados, tão tênues...

O problema é que todos nós sabemos disso, mas nos recusamos veementemente a aceitar. Esforçam-se por construir laços, amarras para suas lembranças, e entre elas aquela grande utopia: a alma gêmea. A tão sonhada alma gêmea.

Tal coisa não existe.Não adianta procurar, é perda de tempo. Creio que o caro leitor não acredite mais em Papai Noel ou Coelho da Páscoa, portanto sugiro que também não perca tempo acreditando numa coisa tão mitológica e impossível quanto o amor verdadeiro.

Pode parecer cruel e amargurado o que estou dizendo, mas volto a afirmar que nada menos é do que a verdade. O que me leva de volta ao ponto de origem: não somos NADA.

Tantas vezes pensamos nós em suicídio, em acabar com a vida, desistimos e nos abstemos a cada segundo que se passa. Damos-nos pouquíssima ou nenhuma importância, na verdade. Até para nós não somos nada.

Ouça a voz da razão. Não há meio termo. Nada somos, nada fomos e nada seremos.

Talvez você esteja pensando que eu nunca amei, ou nunca senti nada por alguém, para falar assim. É bem verdade que nunca amei, porque como já disse, o amor não existe, mas já senti muito por outros. Carinho, afeto ou atração, talvez, mas amor não, amor não existe.

Mulheres, essas imagens de perfeição, essas musas do inconsciente, já as quis. A muitas já quis. Tive algumas, outras não. Mas isso não vem ao caso. Elas também não são nada. Eu também sou nada. Não há exceções.

Ainda acha que estou errado, meu caro?

Pois bem, então me permita fazer-lhe um desafio...

Ame.

Ame mais desesperadamente do que já pensou que faria um dia.

Ame incondicionalmente, ame quem lhe ama, quem não lhe ama, quem lhe odeia, quem lhe deseja, TODOS.

Ao chegar em casa, olhe para seu/ua companheiro/a, e diga o quanto lhe ama, abrace, beije, desfaça-se em carinho e sentimento, aproveite cada segundo que puder ao lado desta pessoa que você tem a honra e o privilégio de chamar de amada.

Veja seus filhos. Essas jóias únicas, essas bênçãos que Deus pôs em tua vida, essas graciosidades que enfeitam teus dias, e lhes mostre todo o seu amor de pai.

Sua família e amigos, as pessoas que sustentaram teu caminhar, que te apontaram o caminho, que te apoiaram, te ajudaram, te salvaram, te aconselharam e dividiram contigo momentos importantes, e agradeça a cada um da forma mais intensa possível.

Se conseguir fazer isso e criar laços que te prendam aqui, amigo, me avise...

Me deixe saber que ainda há esperança para nós...

E em nome de tudo que é mais sagrado, meu amigo leitor, prove que eu estou errado. Prove que é alguém.

É tudo que lhe peço.