Esferográfica

De frente a ponta fina de minha antiga amiga,

Da tinta que libertava minhas alegrias, e que hoje me tortura por dar vazão a minha tristeza...

Eis me aqui, estática diante de ti.

Apavorada diante desta cena, observo seu tom.

De um azul morto,quase tão morto quanto o que resta de mim.

Um vácuo, um rastro, um resto...

Do azul que me parecia alegre,

Alegre foi o que passou aqui.

Lembranças recentes, futuro esquecido.

Tudo se mistura diante de meus olhos trêmulos, embaçados.

Penso trocar talvez a cor, mais qual?

Qual se encaixa para a casca que me tornei hoje?

Que tom teria o imenso oco de mim?

Meus pés descalços fazem voltas ao redor da mesa.

A folha me encara, branca, pálida e agora de proporções giganstecas,

Ela espera sinais,símbolos de minhas dores, mais recebe apenas o incolor de minhas lágrimas.

Busco algo em mim, uma ponta de luz, reviro em minhas feridas ainda abertas, mais nada, nada...

Meu ouvido ainda surdo pelo som da punhalada.

O apito daquele trem que transformou meu mundo em nada.

O som do ´"até breve" que soluça um adeus.

Busquei tantas coisas,respostas dentro de mim que me acovardei diante de ti.

Minha velha companheira, minha amiga esferográfica; não vou toma-lá a punho.

Minhas mãos trêmulas são ainda incapazes de descrever,definir, dar forma.

Não quero dividir, essa tristeza que só a mim pertence.

Me perdi em meus pesadelos, dentro de mim.

Voltarei a te encarar,

Até lá amiga, até já...

Layla Sabongi
Enviado por Layla Sabongi em 03/12/2010
Reeditado em 03/12/2010
Código do texto: T2651905
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