MELHOR IDADE

Querida Giustina,

Em sua crônica - Velha, eu? -, você questiona o título de melhor idade empregado para os idosos que estão em plena atividade.

Hoje, durante a comemoração do 12º aniversário de Mariana, minha segunda neta, consegui entender o porquê de se considerar que estão na “melhor idade”, aquelas pessoas que têm o privilégio de ultrapassar os sessenta anos de idade.

Durante nossa infância, juventude e no período economicamente produtivo, nós não temos tempo para nós mesmos. As tarefas escolares e ou profissionais ocupam tanto tempo que simplesmente passamos pelos anos.

As responsabilidades do casamento, a criação dos filhos ou quaisquer outros compromissos assumidos com a sociedade nos privam das maravilhas que só vamos descobrir quando chegamos aos sessenta e uns...

Como eu já passei por todos esses degraus da escada da vida, me permito a ousadia de afirmar que:

- hoje tenho todo tempo do mundo só para mim;

- posso fazer o que bem entender sem ter que dar satisfação a quem quer que seja. Apenas comunico aos familiares mais próximos para onde vou e o que vou fazer;

- tenho a oportunidade de assistir ao desenvolvimento das minhas netas, aos poucos se fazendo gente, coisa que não tive tempo de acompanhar com minhas filhas que, de repente, saíram do meu colo para tornarem-se adultas;

- posso passar o dia todo deitado na rede, lendo os livros que me encantam;

- posso não usar relógio;

- não tenho mais que obedecer aos horários das refeições;

- minha agenda agora sou eu quem faz, não preciso mais de secretária para isso;

- enfim, sou livre.

É essa liberdade e autodeterminação que faz com que esse período da vida seja a MELHOR IDADE, enquanto a senilidade não chega.

Um cheiro

Várzea do Capibaribe/Recife, 24 de novembro de 2010