A rosa que me colheu.
Eu tenho um mendigo aqui em Tatuí que perambula pelas ruas, pessoas, assim como elas, desavisadas, ele não sabe que é meu...mas calma, nem me venha com as interrogações comuns de corações duros e preconceituosos; apesar de ser meu mendigo, a ninguém ele pertence senão a quem o criou (e a todos nós também): a Deus. Então, porque o julgo meu? Talvez porque ele seja igual á mim e reconheça nele o filho da alma. Os meus olhos o abraçam, meus pensamentos o abençoam e minhas mãos o servem. Faço suprir, pelo menos durante o nosso encontro, mais do que a fome física, dou-lhe o carinho e respeito que todo, eu disse todo ser humano precisa e necessita ter.
Somos flores frágeis neste jardim do Éden, algumas de nós criam espinhos, outras se deixam poluir pela arrogância, muitas badalam a pompa e o poder, outras muito tímidas debruçam-se diante as intempéries do tempo. Pode ser inúmera a variedade deste jardim, mas o jardineiro cuida tão bem, e ainda nos deu o néctar do amor juntamente com o crivo da dor pra lapidarmos nossa doçura interior. Que tipo de flor tu és? O meu mendigo, ao qual chamo de João, é a mais bela rosa que neste jardim encontrei.
Anne Laskowiski (17:16) – 22/11/2010