Às ruas da cidade
Eu poderia muito bem estar escrevendo um poema, mas não irei me atentar às regras, tampouco vou pensar nos 'talvez'. Eu poderia deixar de ser eu mesmo, mas daí não valeria de nada, imagine só eu ser um 'eu' sem a essência própria do eu.
Você rua. Você é culpada!
Você rua, você que já me colocou em ciladas!
Você! Você que me viu várias vezes em paradas.
E eu, eu vejo meu passado a cada passada. Eu vejo o meu futuro a cada estrada. Eu vejo a tua mão. Eu a vejo passar por mim à medida que passo por você.
Você passa, mas eu sou quem te desgasta.
Você se foi, mas está aqui.
Eu estou aqui, mas eu me fui. Eu me fui e você não viu. Ficou parada, sem direção. No fim você sabe onde vai chegar, mas você rua, você não me diz.
Com o desgasto, criou buracos. Com os buracos, me separou do skate. Fui obrigado a andar noutra direção, tive que descer.
Mas eu conhecia o caminho de volta. Porventura achou que iria me enganar?
Você rua! Você me trouxe felicidade.
Você me trouxe um chão limpo, liso e seco.
Eu sorri, e caminhei para só Deus sabe onde.
Nas descidas, peguei velocidade. Tentei encontrar com um amigo teu: o Tempo. Ele sempre ganhou.
Nas subidas, olhei para trás, mas não desisti, voltei meus olhos para o objetivo e segui.
Rua, onde você vai me levar?
A propósito, muito obrigados pelo chão liso, limpo e seco.
Obrigado por recitar as mais belas poesias,
Luiz.