ODE
Há muito tenho o intento de escrever-lhe.Preciso que ela saiba o que guardo a seu respeito.
E ontem, quando me disse que iria liberta-la, deduzi que havia chegado a hora.
Resolvi, nesta carta, pedir para que sempre a mantenha solta.
Liberte-a para a vida.Afinal, já caminhou tanto por ti, já te levou por tantas estradas, que liberta-la seria a única, e a mais bela homenagem que lhe poderia fazer.
Soltar seus velcros, suas travas, lubrificar seus parafusos...e colocar-lhe asas para que continue a voar...sempre...por todas as direções!
Liberte a sua marca registrada...sua assinatura de força, de superação, de conquistas, de vitórias...
Solte ao mundo essa sua lição de aprendizado...e, em particular, ao meu mundo, que só com ela aprendeu, como a força da dor...energiza a vontade!
Saiba...somos dois a nela nos equilibrar...
Lembra ? “Cada passo seu...um poema meu!”
E assim, nos seus passos precisos e certeiros, na jornada incessante desse seu troféu, também continuo eternamente me norteando pelos seus caminhos.
Outro dia, pensava em te dizer... acima da beleza dela...só o teu coração, o órgão mais meigo, mais carinhoso, mais delicado, que auscultei pela vida!
E assim, pude auscultar a taquicardia da tua dor.
Portanto, de certa forma, ela será teu eterno rival.
Compete contigo pelo meu amor, aliás, julgo que a amo mais do que... a mim mesma.
Julgo que devemos o nosso tudo a ela.
E também lhe agradeço a sua caminhada, que também te trouxe próximo a mim.
Solte-a pela eterna estrada..E quando o caminho for árduo, e a fizer arder nos trilhos de metal, olhe para as folhas de plátanos desprendidas pela brisa do outono, e saiba que nelas eu estarei, para ouvir o teu silêncio,e a lhe oferecer os meus dormentes, para que neles, ela repouse toda a sua dor e todo o seu cansaço...