Inflamado coração


Escrevo para alguém, que eu não sei quem, ouvindo a voz desse meu coração, que clama por razão...

A madrugada se aproxima em brisa fria, tentando me tocar com seus braços de solidão...

Não posso ocultar as vozes que se pronunciam, algumas queixas de distâncias aflitas, nesta espera que se revela omissa na premissa de alguns furtivos desencontros.

Os pensamentos dançam em mim, vagam por entre o abstrato dos sentires, tentando desvendar o véu que nos cobre a face.

Percebo o quanto eu amava, nas cartas que não assinei em vão, tal qual um sonhador, na certeza de tantas poesias, no encanto de te encontrar...sem breve olhar, na mudez de quem sabe cantar...

Ventania se fez presente, nas incertezas de tuas alegrias, no silêncio de tuas fantasias, na estrada de pés descalços, se perdendo em noites, me afastando de seus abraços, me furtando o adormecer em teu cansaço.

Me sinto ínfima, nada mais que uma menina, pequena diante da grandeza que teus acontecimentos revelam, ocultando de meu céu as estrelas que me acompanhavam na manhã...

E o amor pulsava sem saber, que nesta hora, estavas ainda mais distante em distintos sinais, de outras iguais mortais...talvez mais...quem sabe demais...

Um jogo de artimanhas que te enlaçam...as tantas...teias que te envolvem...e que me estilhaça o coração...ao conviver de falta de exatidão...na incoerência do tempo, na vastidão dos quilometros que vestem-me de sofreguidão.

Talvez me cale, e silencie a dor acometida, quem sabe me afaste e lhe deixe a vontade, pra alçar o voo rumo ao infinito de tuas quimeras...

E por te amar demais, te liberto para que sigas novo horizonte se assim desejar, pois quem ama já se basta em amar.

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 30/10/2010
Reeditado em 30/10/2010
Código do texto: T2586515
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