Vivendo até aos doze.
Hoje, tenho cinquenta e quatro anos de idade.
Mas houve uma época em que tive doze!
Não me queixo dos cinquenta e quatro, pois
esta idade me faz perceber que vivi melhor
até aos doze.
Aos doze, podia me apaixonar pela professora,
que, também, era filha do fazendeiro;
Não havia nada de ridículo nisso!
O amor era coisa dos humanos;
Nos dias de hoje é coisa de babaca.
Quando tinha doze, se mentisse, seria castigado;
Atualmente, saber mentir é imprescindível para
se atingir o sucesso.
Quem sabe mentir e domina a ‘arte’ de enganar
é aplaudido com entusiasmo;
- Puxa vida! Que cara inteligente!!!
Até aos doze, lavrava a terra para dela tirar meu
sustento, respeitava os animais, pois estes eram
considerados os nossos auxiliares na lida do dia a dia.
Hoje, um papagaio na Europa vale uma grana alta,
quando sobrevive!
Quando tinha doze podia contemplar a natureza e
tudo que nela existia, hoje, tudo que consigo ver é
o caos das cidades, toda hipocrisia e ambição das
pessoas que nelas vivem.
Viver nos campos, com dignidade, é impossível;
Sobreviver nas cidades é desumano e extremamente
perigoso.
Só vivi até aos doze, depois daí comecei a morrer!
Outubro de 2010.