Saudade da minha pequena
Que época aquela quando você era apenas minha pequena.
Tenho saudade daquele tempo de criança. Caça, pesca. Uma verdadeira herança que guardo em minhas memórias. Saudosas lembranças.
Me recordo bem das manhãs de domingo. Caminhadas na alvorada e a familia se divertindo. Era a alegria da mulecada.Todos estavam sempre lá tios, amigos, pais e primos que juntos iam seguindo. Paisagem costumeira. Montanhas... morros... campos e aquelas velhas cercas. No caminho o "Laranjal", era uma colônia, uma familia, algo fora do normal. Cheiro de campo, aroma de vida. De repente uma ciriema sempre aparecia. Festa da mulecada. "Vamos pegar!". Bem que tentávamos, mas era rápida demais. Pra nosso azar.
Mais um pouco olhavamos pro lado. E então " gado", só "gado". Eles agora eram a atração, chifres enormes, cabeças de montão. Das fazendas a vegetação era algo único. Enormes eucáliptos, troncos e mais troncos se erguendo naquele meu vasto pequeno mundo.
A passos mansos passavamos sobre um mata -burro, o mesmo que um dia eu havia caido e logo logo chegariamos a nosso destino. Lugar bonito, diversificado. Lagoas... cachoeiras... cafezais. Onde um dia com o suor a banhar no rosto trabalharam nossas mães e pais. No caminho para a criançada até cabia um pique - pega, mas tinhamos que ser bem rápidos pois já podiamos avistar o estreito caminho, para o Paraopeba. Rio grande de bons peixes. Surubins...mandis e nossas redes. Pescaria boa, isca tipica. Minhoca no anzol, peixe na barriga. Pros mais velhos a tradicional pinga ou aquela geladinha, pros mais novos o refrigerante era o que tinha.
Tempo bom aquele que nunca hei de esquecer. De histórias de lobisomem na quaresma assim que começava a escurecer.
"Era tempo de viver". Bom e gostoso era o papo até altas horas na rua sem nenhum perigo, nem assaltantes, nem viciados. Mas agora minha pequena cresceu. Virou cidade, evoluiu e de mim se esqueceu.
Juatuba terra tão linda, tão minha, tão diferente de quem a muito a conheceu.