Recife, Minha Senhora: Carta de Filha
Recife.
Arrecifes originaram o teu nome - Forte e filha das pedras.
Te debruças no Oceano Atlântico e voltas o teu olhar de agradecimento e ternura ao teu povo alegre e hospitaleiro.
Metrópole Nacional reconhecida em teus encantos...
De dia és mulher aflita e cheia de afazeres.
De noite... És fina dama!...
E encantas a todos os que miram o céu reluzente de tua boca.
Em tuas veias correm rios.
E cercam-te... Abraçam-te.
Te aquecem os teus mangues... E aquecem-nos.
Tuas pontes são caminhos que levam-nos a conhecer-te os encantos.
Minha dama cobiçada...
Tantos estrangeiros adentraram e perderam-se em teus encantos...
E foram tantos os amantes... Invasores ou não dos teus quereres.
Deram-te filhos fiéis ao teu amor...
Pois nascer de ti, minha dama...
Inunda-me os meus olhos de saudades
E invade minha alma de desespero a tua ausência.
Andar por tuas ruas é abraço materno em momentos meus de aflição.
Tua luz é morna e acolhedora dos teus filhos...
Que despertam ao teu amor... E não mais vivem sem ti.
Minha mãe generosa... Minha Recife,
Escrevo-te de longe apenas para saudar-te.
E dizer-te que estou a viver longe de ti...
Mas impregnada de ti eu sou... Do cheiro salgado dos teus cabelos.
Para dizer-te que estou bem, minha Senhora,
E que voltarei a aquecer-me em tua morna luz - Teu abraço.
Não... Não faças-me perguntas de mãe aflita...
Eu não sei quando posso retornar ao teu abraço.
Mas nenhuma outra encanta-me com tu...
Nenhuma outra conhece-me e abraça-me-me como tu.
Não te esqueças: Estás em mim e é para sempre.
Ponho aqui a flor que tu me ensinaste
A trazer sempre entre os meus cabelos.
Sou a tua filha grata a tudo o que traz consigo...
Na tradução de todos os gostos e gestos,
Na existência de tudo o que aprendi contigo e com os meus irmãos.
Minha amada... Espera-me.
Eu te amo, minha Recife.
Karla Mello
Outubro/2010