[Primavera Cinza]

[Para você – é claro!]

Alguma reflexão: nunca antes senti a primavera tão cinza, tão cinza com esta —, até as pitangas estão mais amargas, mais azedas...

E não há o que dê jeito nisso; o meu sorriso fechou-se em pedra fria — só vejo a lápide... Sinto os meus passos dificultosos, como se caminhasse à beira de um abismo — olho para trás, e é como se, por encanto, eu pudesse ver o rastro de minha caminhada pelo cone luminoso do Passado, o traçado erroso da minha linha de universo.

Não, feliz ou infelizmente, não há o “Eterno Retorno” — Nietzsche era apenas um louco — a ampulheta de minha vida tem um só sentido, não poderá ser invertida.

A primavera, para mim, agora, é cinza... mas o que importa? Nada importa...

E reajo — nada, exceto o querer: se quero, posso; e se posso, eu recomeço — eu me defino como um ser capaz de recomeços! E o querer de uma formiga me basta... Fantasmas é que retornam,

— eu recomeço!

beijo - (PS. o talhe rápido de suas frases é irretocável...)

[Penas do Desterro, 18 de outubro de 2010]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 20/10/2010
Reeditado em 20/09/2011
Código do texto: T2567330
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