CARTA AOS AMIGOS
Estou sendo vítima dos males da contratura muscular, resultado de uma cirurgia recente, sem maiores gravidades. Nunca havia passado por isso antes. Gente, dói demais! E foi assim que, desesperadamente, recorri ao auxílio na medicina oriental.
Hoje procurei e encontrei uma massoterapeuta excelente, recomendo a qualquer criatura que queira experimentar a sensação de paraíso. Hoje foi um daqueles dias em que paramos para refletir sobre a vida.
Já em casa e com o corpo e a mente rendidos sob uma bolsa térmica com água quente, a minha eterna mania de Polyana fez-me fazer dessa experiência um motivo para exercer minha liberdade criativa. Passei por tantos lugares, pensei em tantos fatos, atos, pessoas. Flagrei meu pensamento no nosso cantinho, nas poesias maravilhosas que tenho lido, indispensável combustível da minha alma.
Este é o primeiro texto que exponho aqui, costumo escrever apenas cartas para amigos. Desse modo, é imperativo tecer algumas considerações:
- considerando que neste espaço tenho vivenciado muitos momentos felizes;
-considerando que só possuo o hábito de me expressar correntemente quando escrevo cartas a amigos;
-considerando a definição subjetiva de que amizade é troca de experiências, sejam elas de alegria ou dor, e mais ainda, que a esta definição não se associem pré-requisitos como: territorialidade, tempo de duração ou distância.
Concluo, inequivocadamente, que os considero amigos e que esse texto não passa de uma carta.
Gosto de pensar assim, já que, amante das coisas antigas, acho simplesmente admirável a arte de escrever cartas, só não me deixando de todo satisfeita a impossibilidade do envio ao endereço de cada um de vocês ao velho modo: remetente-destinatário-selo, espaço que a modernidade preenche, ainda que sem o toque de romantismo que só o correio pode dar.
Inserindo minha mensagem no contexto de ano novinho em folha, pronto para ser impresso pelas marcas inexoráveis de cada um de nós, acho este o momento oportuno para minha estréia nesta seção.
Tenho refletido muito sobre como levamos a vida. Temas como amor, felicidade, amizade, inevitavelmente passeiam pelos meus pensamentos. Penso nos amigos distantes: mensagens ou lembranças chegando via sedex, ligações no meio da noite só pra saber como eles estão. Penso na família: abraços apertados, beijos sem reservas e o “eu te amo” natural, fonte de energia onde sempre se busca e se encontra forças para prosseguir. Penso no meu companheiro, eleito pra dividir comigo os momentos de glória e os dissabores, cuidado e doações constantes.
Diante de tais pensamentos, chego à conclusão de que viver é bom demais! Tristezas, perdas, decepções, essas vem, sempre virão, mas são tão ínfimas diante do colosso maior, o sempre universal e tão desejado amor. Talvez o único verbo que valha a pena exercer, incessantemente, sem cansaços, diariamente, em toda e qualquer ocasião.
Amar não é deselegante, não é mal-educado, não é indesejado e muito menos demodê. Tanta gente recomenda, só pode ser verdade.
Vamos amar sem receios ou vergonha de declará-lo, amar descaradamente, sem restrições e sem esperar retorno, porque o amor liberta e é muito generoso. Vamos amar aos outros, porque o amor é completo, porque é bom amar. Amar é divino e também humano, ele nos transforma.
Essa é minha mensagem e meu desejo: Sejamos anjos na vida de alguém! De que forma? Amando.