Reminiscências

Percorro saudosa as ruas tortuosas da minha cidade, em cada canto lembranças de um tempo em que, livre, brincava na ladeira do Mercado, na famosa rua da Praia, a pracinha dos Leões, do Danúbio Azul.O Museu de Arqueologia, no quarteirão ao lado da minha casa,era ponto obrigatório das visitas bem como os passeios de barco ou canoa até a Ilha dos Valadares.

As estórias sobre as passagens até o porto, da fontinha,da casa do Monsenhor Celso me intrigava e o fascínio pelo fantasma que arrastava correntes no Museu fazia com que eu,criança, ficasse espionando pela janela da copa,o Museu,outrora Colégio de Jesuítas.Lembro-me vagamente do bumba meu boi; as procissões de Corpus Christi e os passeios na praça Fernando Amaro ;das serenatas...

Os matinées no Cine Santa Helena, os bailes, os saraus ; churrascos e barreados em Morretes...

Ainda hoje,me vejo extasiada com o reflexo da lua nas águas do Rio Itiberê,nesse instante,o passado e o presente se mesclam despertando recordações singelas de um tempo em que as casas ficavam com as janelas abertas e as portas sem trancas e chaves...

Nesse retorno ao passado,a figura lendária de Maria Bonita,com seus trajes excêntricos; sua vida um mistério;contava-se que pertencia a uma família de posses e que enlouquecida por causa de um amor,perambulava pela cidade.Personagens e fatos inesquecíveis que fizeram parte da história da cidade e da minha história... O velho piano da Escola Faria Sobrinho(hoje restaurado encontra-se no saguão da Fundepar em Curitiba),com o qual fui alfabetizada no pré da professora Julinha Tramujas ,uma profissional que me ensinou que o magistério,acima de tudo, é um ato de amor...

Na caminhada pelo passado,certa de que vivi cada momento

da minha infância,me encontro-me sorrindo cercada pelos amigos e familiares que se encontram em um plano superior....