Contaminado

Matou os meus sentidos externos e me fez fitar apenas teus olhos, como uma abelha operária que – apesar da rotina – se encanta com seu instrumento de vida, que vê numa flor seu adorno e seu alimento. Como um cão que ladra nas noites, como a reclamar do frio sem ser compreendido. Este era eu dantes do teu amor, a me sentir profundamente seco e sozinho.

Quando a vida deu a mim uma janela, você não havia chegado. A janela me oferecia a graça da luz, porém eu ainda não havia sentido o arrepio da brisa vinda das serras, do meio do continente, do sul. E a oportunidade de ver o mundo, antes de você, já me era oferecida, mas não o poder que tenho hoje, de alterar a rota dos ventos.

Mas, tão contrário ao que digo, os ventos me desviam do que quero. Amá-la, tê-la, é o que desejo, mas eu com o poder de mudar os ventos, por que não os mudo em prol do que almejo? E os faço guiar o nosso amor para a melhor via? Talvez por quê nem todos os que têm poder, usam-no em próprio benefício.

Veja você, tem o poder de fazer da minha vida o que quiser, entretanto, esta condição não lhe inspira a fazer mal ou judiar de mim, de modo qualquer! Coisa dos seres bons, de alma divina. E, provavelmente, a intensidade do sentimento que tenho por você tenha feito o meu sistema imunológico mais fraco. Com minha defesa ineficiente, algo estranho aconteceu... Com sua bondade fui felizmente contaminado.