Eu, uma nau á deriva dos acontecimentos.
Sobre mim o que dizer se bem desconhecido é meu interior. Convivo comigo e nem sei sobre meus gostos reais, sobre minhas necessidades reais. Sei que distancio do meu eu á medida que busco a satisfação de preencher o dia ou a noite com afazeres intermináveis. Fazendo muitas vezes coisas que nem gosto, falando frases vazias ou criando necessidades tão desnecessárias. Sobrecarrego meus dias com miudezas fragmentadas de mesmices, repetições e propostas inatingíveis. Decepciona-me, olhar no espelho que não revela que eu realmente gostaria de ser. Faço modificações externas pensando em auto-estima quando na realidade tenho que reformar o meu interior e vontade me falta. Agora, por exemplo, quero compartilhar com alguém esta música do Lande que estou ouvindo, e no meio desta vastidão de pessoas, nenhuma sequer pensa nesta possibilidade de simplesmente compartilhar uma música. E como posso achegar-me á alguém assim do nada e dizer: Vamos escutar esta música juntos?!
Quantos mundos repletos de vazio/solidão/angústia ‘navegam’ neste planeta. Naus á deriva dos acontecimentos. Nos colocamos em vales abismais demais. Sinto-me mendigando uma migalha de atenção, trocaria por instantes, meu lugar com uma flor imóvel pra que olhos gentis admirassem ou simplesmente me enxergassem. Hey, cá estou!