Verdade insalubre
O que dizer para você? Se você não acredita nas minhas palavras...
O que fazer por você? Se você ab-roga todos os meus gestos.
Não tenho mais nada, a não ser a nostalgia das pequenas coisas que um dia você pôde me oferecer, pequenas coisas que na verdade eram tudo que estavam ao seu alcance. Tudo ao seu alcance é limitável.
Você é tão confuso, que me parece ébrio, nunca me diz o que eu preciso ouvir, mas demonstra de maneira tão rude e sensível que me esqueço de todos os seus defeitos. Dessas suas mudanças repentinas de humor, de faces, recorrendo a mim que faz questão de te acompanhar em cada instante só para ver se assim você me nota.
Irrestringível minha admiração por você, óbvia e utópica, lido todos os dias com alguém que não conheço; que tem as portas fechadas, mas que deixa as brechas abertas só para eu bisbilhotar o seu mundo. E você nem sabe que quando ri, ri com os olhos e mesmo assim raramente sorri, mesmo iluminando o mundo com esse sorriso.
Não sei por que não consigo ir embora, te deixar sozinho com sua prepotência e com essa mania de limitar o que deveria ser ilimitado, com sua auto-suficiência paradoxal. Mas você vai superar a dor que nem sei se vai chegar a sentir, por ser tão óbvia a ignorância, repelida por quem, um dia, prezou por você.
Dedicatória : Marcelo Luna