° 'estalei os dedos e parei o tempo pra você' °

        


As palavras que se fazem presentes em meu vocabulário não permitem descrever de forma precisa ou mínima em minúcia, as cores de minha face, ao ler estas frases que chegaram a mim através do ecrã.

Inspirei, respirei e exasperei.

Sabendo que não há ninguém a meu lado que diferencie as cores escarlates em meu roso, reli-te incessantemente, procurando ter certeza de que ao correr os olhos por ti as palavras se enovelariam a mim e assim, a coragem permitisse que eu voltasse a lhe encontrar.

Em forças equivalentes caminhávamos juntos. Éramos análogos, transbordando polissemias visto que éramos. Tu rias das coisas que eu via, das associações que criava, deleitava-se nas imagens que sempre pintei. E até hoje, dentro da minha imaginação fértil de criança amalucada – própria da loucura, nunca nos deixamos. “Tu vens, tu vens e eu já escuto os teus sinais...”

Conscientemente lhe empurrei para o armário repleto de caixas, livros e fotos que tratam de fatos interessantes passado que jamais saberei, visto que não terminei por conhecê-los. Por que parti sem vê-los? Porque não cabia a mim tamanho sentimento. Eles deveriam ser dela e para junto da tua ‘família’ tu terias de voltar.

Ainda assim hoje em dia |loucamente| dou por mim a procurar |repetidamente| por ti. Em alguns dias a verdadeira lucidez me abraça. É quando então tu não me acompanhas mais. Olho para trás, busco sinais, tentando perceber-te observando meus gestos, minhas expressões ou minhas zonzas divagações. Mas assim não tu não o fazes.

Se desejas, num estalar de dedos páro o tempo a nós dois, porém de que adianta agora ter o tempo e não estar contigo?

Longe de ti, tenho observado muito mais as pessoas na rua. Vejo uma criançinha passar por mim ao lado dos pais e imagino que ela crescerá segura e feliz em um lar estruturado. Não, amor meu, não devo retirar este direito de um ser tão importante em tua vida. Justo contigo, que tanto me disse da continuidade da vida, da importancia da família, do desejo de ser pai.

E é por isto que, agora depois de tanto o ter evitado, lhe conto com os olhos repletos de lágrimas, meu amor:
______Carrego um filho teu!





Esta carta foi uma brincadeira - uma montagem de pensamentos antigos e novos - e um 'presente' que envio a meu querido amigo 'menino das cartas'. Depois de tanto tempo, enfim, veio a inspiração. Espero que tenhas gostado, tentei respeitar os 'teus' sentimentos, mon cher... É que lá não 'cabia', right????

la u ra
Enviado por la u ra em 01/10/2010
Reeditado em 06/01/2011
Código do texto: T2532205
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