Cara N:
Os assuntos que envolvem as lutas entre os ideais da igreja cristã no combate das chamadas “riquezas do mundo”, e seu secularmente imperial poder de sedução, sempre causarão muitas polêmicas. Mas, a bem da Verdade, os que contra-argumentam em favor da diversificação cultural, e “livre” usufruto das “riquezas do mundo”, nada sabem (ou querem saber, por razões várias) sobre certos necessários princípios de origem, sentido e identidade essencial, defendidos por aqueles que, vinculados a organizações religiosas ou não, advogam a existência daquela infinita dimensão da Vida que tudo unifica.
Quanto à questão específica sobre a tolerância da Igreja com os valores homossexuais, em seu argumento “Contra a homofobia” Amador Ribeiro Neto escreve que “as igrejas sempre andaram em marcha ré no curso da História”. Devo esclarecer que a expressão “princípios” diz respeito exatamente ao que quer dizer: porque ir “para trás”, a considerar raras manifestações de civilidade em outros tempos da História, poderá significar consideráveis avanços. O Princípio da Vida, em suas várias manifestações orgânicas ou culturais, fundamenta-se em determinados princípios que, depois de séculos e séculos de experimentações diversas, mostram-se tão atuais quanto foram desde o Princípio a que representam. Se as igrejas “andam em marcha ré”, assim consideradas a partir das observações sobre o que hoje pensam e fazem muitos de seus maus representantes, é porque o que de substancialmente melhor se desenvolveu, em termos de conhecimentos sobre nós mesmos e sobre os potenciais de nossas relações humanas (ainda insuficientes), continua a confirmar os efeitos nefastos da grande maioria dos resultados daquilo que, a despeito das boas sugestões que nos deram grandes sábios da história, achamos e fazemos por nossa própria conta.
Grande abraço.