Matina
Subia no ônibus, e a noite estava chegando na sua hora matinal, olhando pela janela, ansiosamente o esperava. Mas o negrume ainda ocultava a beleza das serras. O motor zuava.
Eu vislumbrava o horizonte fixadamente como uma criança emburrada. Quando por fim, ele surgia... Começava com o pequeno raio de luz, depois esse mesmo raio foi tomando forma, crescendo, iluminando o topo da serra, seu brilho tocava nas arvores como um carinho morno sobre as folhas, que abrilhantava ainda mais com os feches de luz do orvalho.
E lá ele surgia, como um senhor, um rei que nunca pudemos destronar. Dotado de uma força, de uma esperança para a nossa escuridão profunda e diária.
Seu brilho e seu calor irradiam um desejo de coragem para enfrentar os nossos medos, nossas dores.
Trás consigo a cada despertar do dia uma lição de amor, uma mágica e inexplicável ternura aos nossos corações solitários.