Os Pés


               Na chegada o personagem beijou seus pés de ouro.
               Você ria, não era um riso comum, era um riso esplêndido e nem parecia que você sentia cócegas nos pés!

               Lindos pés descalços mostrando uma harmonia interplanetária!
               Enquanto eu pendurava os pertences íntimos, já podia sentir-lhe no órgão muscular, uma crise inédita de disritmia.
               Era uma viajem, cuja via podia ser dirigida com uma só mão em cima do coração, tentando amortecer os movimentos acelerados, tal como um lenitivo fármaco.
               Anoitecia!...  E eu já estava junto aos seus pés com uma doçura; um carinho para amortecer o peso em cima dos seus pés de anjo.
               Vi naquele sorriso, os encalços de uma saudade, agora, livre da histeria de sempre.
               Ao lado direito da porta vi quando você, docemente pendurava suas vestes, envolvendo-me num desequilíbrio intenso!...
               Em seus dias, agora sem nenhum chão, estávamos entre as nuvens, envolvendo-nos em meteoros de neons sem parar no espaço.
 
               A poesia nos transformou em novos seres. A poesia foi lapidada profundamente e chegou ao ponto de não ter pontos, vírgulas, reticências, exclamações. 
               No final ficou apenas um ponto de interrogação. 

 
               Beijos!...

Machado de Carlos
Enviado por Machado de Carlos em 26/09/2010
Reeditado em 04/10/2010
Código do texto: T2521651