Para uma certa Cidinha

PARA UMA CERTA CIDINHA

Sem ter o que fazer no aeroporto, compro uma daquelas revistas que trazem anúncios sentimentais e me deparo com o seguinte texto de uma certa Cidinha: “22 anos, solteira, procura para compromisso sério..”. entre outras questões Cidinha pergunta: “Você é sincero? Educado? Tem situação financeira definida e boa aparência? Sabe cativar um coração triste? Procuro um homem especial, que tenha muito amor para dar. Sozinha é bom, mas acompanhada é melhor”.

Não resisti e, no avião, entre uma aeromoça e outra, pra cá e pra lá, redigi a seguinte resposta para Cidinha:

Minha santa, todos se julgam sinceros e educados, não é por aí que deve passar a seleção. Boa aparência é muito relativo. A sua é pelo menos razoável? Cativar um coração triste não é fácil. Por que tão triste? Sendo assim tristinha, você tem muito amor para dar ou só para receber? Será você especial também ou apenas exigente e esteja só fazendo tipo?

Você afirma que é necessário situação financeira definida, mas atualmente nada está definido, principalmente em se tratando de finanças. Talvez quem sabe um banqueiro desses que sai em fotografias nas revistas de negócios, mas que não parecem ser lá muito sinceros, nem do tipo que saibam conquistar um coração triste.

Você é dona de casa? Quero dizer, proprietária, ou pelo menos com quase todas prestações quitadas? Caso contrário pode ser até boa, mas não dona de casa.

No seu anúncio você diz que sozinha é bom, mas acompanhada é melhor. Melhor para quê? É preciso definir. Na verdade não sei porque estou lhe escrevendo, talvez por falta do que fazer sozinho. Acompanhado, quem sabe, estaria fazendo algo melhor, mais, por assim dizer, romântico. Entendeu a dica?

Pois é, Cidinha, o problema é o tal compromisso sério. Não sou nada sério, sem falar na questão da idade. Você diz ter 22 anos... já está meio passadinha para o meu gosto. Não precisa me responder.

Abraços

Luiz Otávio

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