Ego

Hoje eu resolvi lhe falar. Não que você não saiba, mas é importante que eu lhe diga tudo que estou sentindo – principalmente para que eu saiba.

Sei que sua intenção sempre foi de me proteger. Sei que sempre se preocupou em me poupar das prováveis mazelas da vida. Sei disso. Sei, também, que não é culpa sua esse excesso de proteção. Não posso culpá-lo, já que, de certa forma, eu o alimentei somente com as informações ruins do mundo que me cercava. Quando via uma história feliz, sempre pensava que era de mentira ou que terminaria logo. E você, coitado, acreditando naquele mundo cor cinza que eu havia criado, sempre me lembrava da “realidade” da vida quando eu queria dar um passo além de minhas cercanias. Mas, entenda, isso não me serve mais.

Quero me esbanjar, quero sofrer por amor, quero mergulhar nas profundezas dos sentimentos. Ouça-me: você foi importante para muitas coisas em minha vida, mas, agora, preciso caminhar sozinha. Preciso errar, acertar, não fazer, fazer... não quero mais a sua proteção involuntária. Deixe-me chamá-lo quando precisar! Deixe-me vasculhar os recantos de minha mente em busca de boas experiências que sei ter tido. Não me envie somente as más lembranças. Seja compreensivo...

Prometo: isso não é uma despedida. É só um ato libertador. Você também precisa rever seus conceitos. Também não é justo que você tenha que se preocupar tanto com meu coração. Um coração cicatrizado é mais forte, por isso, deixe-me exercitá-lo algumas vezes! Não irei abandoná-lo! Você será aquele amigo, que mora longe, mas que sempre me lembrarei. Aquele amigo que me conhece na essência e que sinto gostar de mim.

Não fique triste. Façamos um trato: se eu lhe provar que o mundo não é essa gaiola de aço, a gente segue de mãos dadas! Você verá que é legal!

Agora, tenha certeza que não deixarei ninguém ferí-lo. Nada ou ninguém irá lhe atacar sem que eu o defenda. Estarei sempre ao seu lado, defendendo-lhe e encarando o invasor. Porém, deixarei claro: se a invasão vier de dentro, nada farei e você terá que se virar sozinho.

Termino minhas palavras aqui. Talvez você esteja assustado, amendrontado, pequenininho. Eu também me sinto. Estou pequena nesse mundo. Deixe-me ir na frente. Não conheço o caminho, mas sou ótima em trilhas. Vamos admirando as árvores, a terra, o céu, o mundo. É preciso caminhar. Vamos juntos. Mas fique quieto. Fale, apenas, se eu o chamar.

Katrinna di Paggi
Enviado por Katrinna di Paggi em 16/09/2010
Reeditado em 16/09/2010
Código do texto: T2501513
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