Perda

Fico aqui olhando as suas fotos e os arquivos das nossas conversas e a pergunta que não se cala é: onde foi que eu errei?

Fico lendo as coisas que você deixava escapar quando estava se despedindo e a pergunta que não se cala é: foi pura dissimulação?

Fico lembrando dos nossos dedos entrelaçados expostos ao olhar do mundo e a pergunta que não se cala é: por que não deu certo?

Fico lembrando de quando eu decidi nada mais fazer por você e fui surpreendido com um beijo seu, roubado, e a pergunta que não se cala é: por quê?

Infindáveis porquês, infindáveis dúvidas, infindáveis lembranças.

Um fim que não tem fim.

Não para mim.

Se cruzava a cidade pra me encontrar - tão-somente para tal finalidade - é porque eu de alguma forma te fazia bem. Te fazia bem com o pouco que eu oferecia: eu mesmo.

Mas eu não mudei, continuo o mesmo.

O que mudou em você?

Qual foi essa tal mudança que você viu em mim, que nos distanciou?

Eu mudei?

Hoje olho essas fotos, essas declarações e é como se eu olhasse para uma vela cuja chama fora apagada e continua suscitando fumaça e um fraco calor, passivel de uma nova combustão caso o fogo reapareça.

Caso você reapareça.

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