quatro: à obscuridade do esquecimento

e por fim me esqueço de dar valor, me esqueço de buscar a cor, o sabor, e o que chamam de dor pra mim já é meu explendor. e eu esqueço o por quê de tanto rancor, de pressupor o indefinido. calor.. já esqueço de manter algo com fervor, um sentimento, um traço bonito, um faniquito esquisito, uma flor.. mas eu esqueço, não digo que mereço, esse ar da noite com louvor, a companhia do escuro sempre esteve presente, eu só teimava em esquecer disso também.. sombria alma, por que tantos pensamentos quebrados? achando que deverias ter sido julgado? e tanto tempo amordaçado, esquartejado, desfigurado, espírito que agora habita nas sombras, o aconchego que se sente ao ser um renegado! ah, isso é maravilhoso.. sentir culpa sem ser culpado, se preocupando com algo que nunca estará ao seu lado, um sentimento inabitado em um corpo acanhado. pois bem, quero me esquecer também da lembrança, do afago, da esperança.. lembrar apenas da minha aura que perdura no escuro, no ápice do obscuro e esquecer de trazer algo que me faça inseguro.. agora eu quero, me sento e espero, somente ser algo fora, sem valor, ser externo!

nékros
Enviado por nékros em 09/09/2010
Código do texto: T2486867
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