CARTA ABERTA PARA MEU PAI

Pai!

Como é bom poder chamá-lo assim, sem medo, sem magoa, sem tristeza, sem vergonha, sem ódio...

Sim, porque na minha primeira infância eu tive medo de você.

Todas as meninas que eu conhecia tinham um pai, só eu não tinha.

Quando falei com Mamãe ela me disse que você não valia nada, não fazia falta e eu podia ser muito feliz sem você. e eu imaginei que você devia ser um monstro, um bandido que um dia podia aparecer para me atacar.

Passei toda minha infância alimentando esse medo, mas, adolescente comecei a imaginar o que teria acontecido que Mamãe nunca quis contar-me e senti-me magoada, triste, envergonhada.

Mais tarde foi o ódio que me dominou. Odiei-o com todas as forças de minha alma e desejei ardentemente que você morresse e fosse para o inferno.

Só agora libertei-me de toda e qualquer sentimento menos nobre a seu respeito.

Não sei quais foram os seus motivos, seus conflitos, suas dificuldades.

Sinceramente, não me sinto no direito de julgá-lo, condená-lo ou cobrar-lhe qualquer coisa.

Hoje é o Dia dos Pais e eu quero que receba o meu agradecimento, pois graças a você é que eu existo.

Onde estiver, receba o meu respeito e o meu carinho.

De sua filha sem rosto nem nome.

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Esta não é a minha história, mas é a história de muitos filhos que hoje não têm um pai presente ou em saudosa ausência. Que esses filhos possam superar sua mágoa e seu trauma como a fictícia personagem desta carta o fez.

Maith
Enviado por Maith em 07/08/2010
Reeditado em 08/08/2010
Código do texto: T2424392