Queria ter feito você feliz

Vivo em um tormento de existência, pois sei que cada segundo a mais de vida, é um segundo a mais que passei longe de ti. E o pior é não ter o conforto do qual desfrutava antes, conforto esse que consistia na esperança de um dia te ter, de um dia te abraçar apertado, passar a mão no teu cabelo, olhar fundo nos teus olhos e poder dizer o que sinto por ti, e saber que este sentimento seria correspondido.

Agora tenho de me contentar em imaginar o que poderia ter acontecido, mas uma coisa é fato, o que poderia ter acontecido não foi o que aconteceu, infelizmente a realidade é diferente da imaginação, nem tudo o que desejamos é o que conseguimos. Mas, às vezes, me pergunto: com tantas coisas de que eu poderia ser privada, com tantas coisas de menor valor para mim, por que logo a tua presença é a que não me foi concedida?

Agora acabaram-se as esperanças, acabaram os planos, só me resta o paradoxo da minha mente para me aliviar, um mundo em que tenho tudo que quero, inclusive a coisa que mais desejo: você.

Sei que esgotaram-se as esperanças porque você já encontrou o que procurava, já encontrou alguém para despejar todo seu amor, e esse alguém provavelmente retribui esse amor, não sei se com a mesma intensidade com que eu o faria, mas o suficiente para satisfazer você, pois você parece estar feliz.

Não deveria guardar rancor desta pessoa que tem o que mais desejo, pois como poderia odiar uma coisa que te faz feliz, o simples fato de colocar um sorriso nessa sua linda face deveria ser o suficiente para simpatizar com ela, mas não é, talvez por egoísmo, pois não desejo apenas que você seja feliz, mas desejo que você seja feliz ao meu lado. Ou por inveja, já que ela ocupa o lugar que desejo para mim.

Sei que esses sentimentos não são justificáveis, mas são também impossíveis de se controlar quando derivados de um sentimento maior, que é o que sinto por você.

A pessoa que mais detesto nessa história sou eu. Sou eu porque não consegui te conquistar (pensei que havia conseguido, mas estava enganada, vendo com quem você está agora), me detesto por não ter tido coragem o suficiente para dar o primeiro passo, me detesto por ter sido uma idiota, por ter tido a chance e desperdiçá-la por medo, medo de não ser boa o suficiente para você, medo da decepção que sofreria se você me abandonasse, medo de viver o momento.

Mas, pelo menos, se tivesse arriscado não sentiria o arrependimento que sinto agora. Mesmo que eu fosse repudiada por você, saberia que fiz o que pude fazer, que não seria por minha culpa que não te tenho, mas sim por vontade sua, então não me culparia como me culpo agora.

Não há mais o que fazer em relação a isso, não tenho mais poder nenhum sobre os acontecimentos, pois a sua escolha foi feita. Foi feita sem eu ter a chance de mostrar o que senti, no entanto não tenho direito de reclamar essa falta de oportunidade de me expressar cara a cara, pois não a tive por culpa minha, não sua.

Assim sendo, o seu contentamento e ânimo com seu atual relacionamento é a tranca final que fecha a porta da minha esperança de estar com você, não apenas em corpo, mas em espírito. Na verdade não sei nem por que estou escrevendo isto, talvez seja uma forma de desabafo para tentar acabar com meu auto-flagelo interior, mesmo se for isso será uma tentativa inútil, pois o que perdi nunca será esquecido, ou de alguma forma conformado.

Agosto de 2006

Dindhy
Enviado por Dindhy em 04/08/2010
Reeditado em 04/08/2010
Código do texto: T2418180
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