Oi Rob.

August 1, 2010

Rob.

Nem sei bem como começar, eu sei apenas que não vou lhe enviar esta carta. Será guardada numa gaveta ou posteriormente numa caixa num porão, num armário velho cheio de quinquilharias. Aí quem ler por curiosidade esta carta pode estar pensando, pra que escrever então? Talvez para registrar esse momento que estou vivendo ou transformá-lo em livro quem sabe? Dá pra planejar algumas coisas, outras surgem do nada, não é assim?

Dias atrás eu dei uma palestra na universidade sobre um texto trágico de Shakespeare - Romeu e Julieta. Não fiquei presa aos personagens, mas sim na situação em que eles estavam. Transportei para os dias de hoje e assim seguiu aquela manhã, esta era a proposta dada pelo Professor. Haviam alunos, e pessoas da cidade interessadas naquele assunto foi aberto ao público. Fui cumprimentada por muitas pessoas, e duas senhoras uma de idade e outra sendo sua filha, chegaram em mim como se me conhecessem a muito tempo. Achei estranho aquilo porque o povo inglês é sério e não é muito de abraçar ou ser muito simpático. Resumindo, elas ficaram tão minhas amigas que até em sua casa eu fui para tomarmos um chá. Numa segunda visita, a senhora mais velha já havia voltado para sua casa e fiquei apenas conversando com Miss Claire. Uma simpatia de pessoa, conversamos sobre muitas coisas. Como eu moro numa república de estudantes e não tenho familia em Londres, ela tornou-se uma amiga e confidente. Nesse dia seu filho ligou para casa para ter noticias de todos e através daquela ligação telefonica fui apresentada á ele. Sei apenas que o chamam de Rob. Ele foi muito simpático comigo. Nessas tramas que a vida vai trançando, alguém deve ter participação direta nisso, porque as coisas estavam muto bem comigo, até ter um amigo, que não sei quem é, nem o que faz, só sei que está trabalhando nos EUA. Ele me liga a cada dois dias ou três. Nunca perguntei o que ele faz. Sei apenas que ele tem 24 anos e eu 22.

Quando sei que é dia dele ligar, fico anciosa, e não vejo a hora de ouvir aquela voz grave linda, e as vezes suave. Pela voz dele eu já identifico que está muito cansado. Seu dia não deve ter sido fácil, assim como o meu, sempre com textos e livros para ler e analisar. Cursar Mestrado em outro país é dificil e tem que ser muito disiciplinado com as materias.

Minha única preocupação era estudar e tirar boas notas, mas agora é - quem é você Rob? Conheço sua mãe e sua avó, e percebi que você está entrando na minha vida, muito sutilmente. Imagino você de tantas formas. Me pego pensando em um fantasma muitas horas do meu dia, isso é possivel? Eu tenho a resposta para essa pergunta - sim - está acontecendo comigo, agora, nesse momento.

Anne