AURORA DOS SONHOS

Pai, será que você ainda pode me ouvir?

Sabe? Eu ainda vejo no seu olhar embasado, um pouco daquele brilho do passado, daquela sua alegria, ou... da sua zanga, dependendo do momento. Pai, era tão bom.. até quando a gente brigava. Melhor ainda quando sorria, pois éramos uma família feliz. Sabe, pai? Agora, não chego mais pertinho de você. Fala comigo, por favor, diz que eu ainda sou sua filhinha. Tenho uma vontade louca de te abraçar...e de gritar teu nome. Só que agora tenho tentado disfarçar. Pai, ainda não sei o que é: se a saudade que sinto, tanta...tanta... de você! Fico perguntando porque? Porque teve que ser assim? Não consigo enxergar... Pai, queria poder chegar até aí, onde você está. Quem sabe assim, você não me enxergaria e falaria comigo? Sabe, parece que você está olhando para um lugar que eu não vejo. Está sendo tão difícil, todos os dias do ano sem você, pai...! Não dá pra saber de onde você está, se sente, se sofre, ou... se tu choras por dentro, por falta de mim. Mas pai, se você ainda puder me ouvir, ouça depressa o que tenho a dizer: Amo muito e agora enxergo você...

Enxergo com olhar de quem ama, de quem nunca vai esquecer do pai amigo, porto seguro e companheiro. Deixa eu pegar na sua mão e fingir que você está aqui comigo, como antigamente, me chamando de menininha. Pai, ainda sou pequenininha! Não é isso que a gente é, sempre...para os pais? Então, deixa eu chorar, depois vou embora.

Não estou a chorar pelo agora, mas por tudo que ficou lá atrás. Mas olha, pai...você continua aqui dentro do meu coração. esse coração também é seu, para sempre, mesmo que você não possa mais saber que está aqui, dentro de mim. Hoje, apesar da saudade, te vejo além, na aurora dos sonhos, sendo acima de tudo, só meu pai.

Autora: MYRAMAR ROCHA - Jacobina-BA, 31/07/2010

(Dedicado ao Dia dos Pais(08/07/2010), pois o meu faz muita...muita..falta)