Não é preciso que haja três tigres tristes, basta o que já existe.
Maceió, 30 de julho de 2010
Estou triste contigo e minha tristeza é uma larga e longa chuva de frases burras e pensamentos tolos. Juro vinganças que não realizarei, curto a frustração em inúmeros cigarros que fumo sem sentir o gosto.
Nem mesmo sei por que lhe escrevo, já que sei que você não lerá nada disso. e mesmo que lesse, de que adiantaria?
Você não entende meu dialeto antigo e eu hoje já duvido se alguém neste mundo o entenda. O tigre se recolheu ao fundo da jangal e rosna, furioso e triste. Não é preciso que haja três tigres tristes, basta o que já existe: Eu.
Minha tristeza de caninos agudos perfura a carne mole das lembranças boas, rasgando o que quer que haja entre nós! Nada macio, nada sem asperezas. Minha tristeza enrugada, fria, rasga a carne do mundo como os dentes da chuva que destroem as rosas do jardim.
Irrito-me! Você não lerá! Você não verá e eu estarei aqui, somente muito triste, até você voltar.
Sempre teu bem.