O ENCONTRO DE COIMBRA - UMA IDEIA... UM DESAFIO
Caros Camaradas de Letras,
Há cerca de dois anos, creio que pelo mês de fevereiro de dois mil e quatro, recebi uma lição de vida do meu filho que, na altura, tinha nove anos. Tendo eu conhecimento de um regulamento para um Prémio Literário, persistia na minha ideia de a nada concorrer, de não procurar editora, de manter somente a partilha pela internet do que ia escrevendo e a publicação de “e-books” através da Virtualbooks com a qual mantenho, e desejo manter um excelente relacionamento.
Para mim, os livros de minha autoria em livrarias nascera e morrera com “O livro dos murmúrios” de mil novecentos e noventa e oito, farto que estava de nãos, não respostas e de propostas com as quais não podia de forma alguma aceitar.
Mas ainda bem que os filhos existem, não só por nos trazerem a necessária alegria à nossa vida, mas para nos desafiar, para nos ajudar a aprender a ser de novo criança, semente fundamental de esperança, de não resignação.
Na altura, ele afirmou peremptório que tinha de concorrer e deveria fazê-lo porque ganharia. Embora não dissesse, o que ele realmente pretendia era o gesto que levasse a um sim ou a um não, sendo que este último já se encontrava assegurado. No fundo, nada tinha a perder, rigorosamente nada. O certo é que venci. O certo é que, volvidos estes pouco mais de dois anos, adi ao meu curriculum cinco prémios e uma menção honrosa, assim como dois livros.
E a pergunta que deixo é esta: e se nada tivesse feito? Se continuasse comodamente no meu cantinho pensando que só o não era resposta possível? Nada na vida é fácil, mas sem nada fazer, nada se consegue.
Ora bem, lançou-se em Coimbra, no encontro organizado por residentes no Recanto das Letras, a ideia para a criação de uma Cooperativa, projecto que, de imediato, abracei.
No entanto, pelas reacções ali mesmo sentidas, e porque a noite é boa conselheira, surgiu-me um outro conceito, mais simples nos processos: uma Associação.
Uma Associação que promovesse a Arte Poética em diversas iniciativas a desenvolver pelos seus associados e nos trouxesse vozes, em livro, que dificilmente veriam as suas obras editadas sem recurso aos expedientes tão em voga: edições de autor e falsas edições sob chancela (digo falsas porque pagas pelo autor) que, por norma, por falta de uma política de marketing adequada, se perdem nos circuitos de distribuição.
Há que fazer algo. É este o desafio que aqui faço.
A criação de uma Associação fomentará o que todos nós gostamos de fazer que é, em primeiro lugar, ler Poesia de qualidade. Esta Associação aliaria a esse nosso prazer um outro: permitir a descoberta aos outros de novos valores que de outra forma se resumiriam ao círculo da internet, a um grupo de amigos que, quantas vezes, não criticam, mas pura e simplesmente nos deixam amáveis observações. Creiam que uma crítica negativa, feita de forma construtiva, claro!, faz-nos crescer.
Este é o repto. Façamos pois esta Associação. Basta vontade, querer. Basicamente, basta que sejamos coerentes com aquilo que gostamos: a Poesia.
Assim, pergunto: quem está disponível para erguer este projecto?
Coimbra, catorze de setembro de dois mil e seis.