Para viver um grande amor...
Pressinto que há um feiticeiro fazendo parte dessa história – e é você.
Aproximou-se de mim e soprou o seu pozinho mágico que me fez ficar assim... abobada.
Desde então, meu pensar não consegue te deixar e ainda está a me desacatar!
O astuto me engana! Está com você ininterruptamente: vai do meu amanhecer até o meu anoitecer e, não existe circunstância do dia em que ele não se aproveite pra te colocar nitidamente na minha frente – que afronta! E a culpa é toda tua pois, não sei o que te acontece! Fez feitiço por capricho?
Você já disse me amar e que não vai mais me machucar, mas eu não consigo compreender o porquê dessa mania que você tem de desistir de mim! Precisa mais é se aquietar porque está difícil te alcançar! Nas nossas conversas sem fim, são as horas que correm; a gente nem se dá conta e ficamos, sempre, com a sensação de que temos ainda muito mais a falar; mas o tempo se esgotou! E fico eu a implicar: com o tempo e com você! Por que deve ser assim?
Ah, como eu queria sentir de você que realmente é tolice esse medo que insiste em não me poupar, e fica aqui a me lembrar com persistência, do asqueroso sabor do abandono, num conseqüente desnortear da mente que me faz entristecer! Sabe que apenas um dia sem te ver já é o que me basta para voltar a sentir aquele vazio indigesto de outros tempos sem você?
Resolutamente, mesmo em meio ao receio, decido apostar que dará certo, que pra nós nada mais será incerto.
... basta você se consertar! Mas pra isso acontecer você tem que se render e o que diz amar, querer viver!
Aceito viver ao teu lado, e construir uma vida contigo; tu serás meu companheiro de todos os momentos, amigo confidente, amado amante... E depois, nós nos aconchegaremos um do outro num abraço gostoso - seja de conchinha ou não, não importa... amo você!
Para viver um grande amor [Vinícius de Moraes]
São José dos Campos, 25 de julho de 2010